O cuidado com os idosos em face da pandemia de Covid-19
Amor, cuidados e paciência vão ajudar seus amados idosos a passar por este momento de pandemia.
Stael Ferreira Pedrosa
Este é um tema delicado que envolve sentimentos, relacionamentos e paciência. Temos nossos idosos amados, sejam pais, avós, tios ou amigos. E, sabemos que em sua fragilidade física, tanto pelo avanço da idade, quanto por comorbidades (hipertensão, diabetes, problemas do coração), eles são um grupo de maior risco para as complicações da Covid-19, o que nos causa (talvez mais que neles) angústia e medo do futuro.
Resiliência
Como diz o dr. Thiago Póvoa, geriatra, é necessário neste momento o apoio familiar que garanta ao idoso que ele não está só. Sabemos que essas pessoas já passaram por muitas coisas na vida e aprenderam a ser resilientes. O Dr. Thiago relata que ouve em seu consultório frases como: “Doutor, não se preocupe, isso vai passar”. “Para quem já está nos 70 anos, três meses de distanciamento é algo mais fácil de lidar”, completa o médico.
Temos que contribuir com nossa parte para que isso seja verdade, que o sentimento de “vai passar” seja um mantra de fé, tanto para nós quanto para nossos idosos.
Como apoiar o idoso
O apoio deve ser tanto físico, ambiental, quanto psicológico. Isso porque, na terceira idade, as pessoas estão mais propensas à depressão. Temos que assegurar que estejam em segurança, o que significa que toda a família deva seguir as recomendações da OMS.
1 Segurança física
Se o idoso tem compreensão do que se passa, assegure-lhe de que o isolamento é temporário e para sua segurança. Se um familiar jovem alega que não é do grupo de risco (o que é um equívoco) e despreza as condutas de proteção, ele pode se contaminar e contaminar o idoso com quem convive. Por isso, toda a família tem que tomar os cuidados necessários, tais como:
- Evitar sair de casa, somente fazendo-o em caso de extrema necessidade.
- Usar máscara ao sair.
- Ao retornar, deixar os sapatos do lado de fora e se desinfetar com álcool antes de entrar em casa.
- Ao entrar em casa, lavar as mãos e os produtos que trouxer, caso possam ser lavados; se não, passar ou borrifar álcool.
- Retirar a máscara e colocar para lavar.
- Não se esqueça de desinfetar cartões, garrafas de refrigerante, embalagens e cartelas de medicamentos e o que mais trouxer.
- Evite tocar o idoso sem tomar um banho e trocar de roupas antes
2 Segurança ambiental
Proporcionar um ambiente tranquilo para o idoso – e para toda a família – nesse momento, é fundamental. Por isso, evitem:
- Discutir assuntos que causem constrangimento e assuntos que não podem ser resolvidos no momento.
- Falar muito sobre as estatísticas de contaminação e morte por coronavírus.
- Perder a paciência com suas necessidades de sair, idosos costumam ter hábitos arraigados e sentir dificuldade em mudá-los.
- Manter a TV ligada em notícias o tempo todo, isso pode piorar a insegurança do idoso.
- Falem dos casos positivos, das vitórias contra a doença e o que mais puder contribuir para um ambiente agradável.
- Assegurem-se que seus idosos estejam em ambiente limpo, arejado e que se alimentem e repousem adequadamente.
- Ajude-os com seus medicamentos para que não tomem em excesso ou deixem de tomar os já indicados.
3 Segurança Psicológica
É possível que o idoso sinta falta dos outros membros da família que não vivem na mesma casa, ou queiram se distrair. Por isso, devem ter à mão dispositivos de conexão como celulares, tablets ou computador. É importante cuidar de sua saúde mental, parte disso é deixar que tenham autonomia, que possuam seus próprios aparelhos e ligarem quando e para quem desejarem. A psicóloga Regina Célia Celebrone sugere ajuda, “ele vai precisar de alguém que tenha a iniciativa de ensinar, por exemplo, a fazer uma vídeo chamada”, diz. E, se não está sendo possível socializar, ensiná-los a participar de grupos nas redes sociais. Assim, “podem trocar receitas, afinidades, o que gostam na vida”.
Além disso, a psicóloga sugere deixar o idoso se sentir útil, participando de atividades domésticas, caso deseje, como cozinhar, cuidar das próprias coisas e também se divertir com a família. A inclusão na rotina familiar é algo fundamental para o bem-estar psicológico dos idosos.
Apoiar outros idosos
Se for um vizinho ou um parente que more só, telefone todos os dias, (a família pode se revezar nesse cuidado) procure saber como está, se está tomando os cuidados necessários, se está se hidratando e se falta algum medicamento, e caso a pessoa precise de alimentos, medicamentos, álcool etc., ofereça-se para ajudar, evitando que ela saia de casa. Se fizer compras, tome cuidados antes de entregá-las: lave com sabão ou passe álcool 70% nas embalagens e deixe sobre um papel ou plástico limpo, na porta deste, bata na porta e deixe que o idoso pegue as compras quando você já não estiver mais lá.
Conectar-se com a própria espiritualidade
É necessário que o idoso tenha a liberdade, a oportunidade e a tranquilidade necessária para se conectar à sua espiritualidade. O professor da USP e psicólogo, Cloves Amorim, ressalta que “se a pessoa tiver alguma prática religiosa, ela pode fazer uma meditação durante o dia, fazer uma oração de acordo com a sua crença, ler um texto da Bíblia. Tudo isso ajuda bastante”, diz.