O leão e o medo: uma história sobre seu pior inimigo

Você não sabe o que pode ganhar se estiver sempre com medo. Dando o primeiro passo, você estará no caminho.

Erika Otero Romero

Há uma história que, na distante savana africana, um leão se perdeu.

Ele estava longe de seu território e de sua alcateia havia semanas. Foi assim que, pouco a pouco, a sede e a fome começaram a enfraquecê-lo. Felizmente, ele encontrou um lago de águas frescas e claras; sua vontade de beber era tanta, que ele correu para a beira do lago para saciar sua sede.

Quando se aproximou, viu seu rosto refletido naquelas águas calmas. “Caramba!! O lago pertence a outro leão”, pensou. E fugiu do local com muito medo, apesar da sede. O problema é que sua sede estava piorando, o animal sabia que iria morrer logo, se não bebesse água. Então, tentou novamente na manhã seguinte. Ele tomou coragem e se aproximou do lago. Como no dia anterior, viu outra vez o seu rosto e, cheio de terror, retrocedeu sem beber.

E assim, vários dias se passaram com o mesmo resultado. Até que um dia, quando estava cansado de fugir, ele entendeu que aquele seria seu último dia de vida caso não enfrentasse seu oponente. Então, tomou a decisão de beber água do lago, não importava o que acontecesse. Ele se aproximou com determinação da beira daquele límpido lago, pois nada mais lhe importava. Aproximou sua boca começou a beber… e seu inimigo, o temido leão, desapareceu.

A maioria dos nossos medos não é real

“É tudo coisa da sua cabeça”, digo a mim mesma todos os dias, quando tenho pavor de experimentar uma atividade que me obriga a sair da minha zona de conforto. Outra parte de mim diz: “O que você tem a perder?”,  e uma terceira parte responde: “Tudo!”.

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Sim, minha mente vive em constante dilema. Gostaria de ser como aquelas pessoas que levam um minuto para tomar uma decisão e se arriscar, mas não, não tem jeito.

Talvez seja por essa razão que um dos meus maiores objetivos deste ano seja sair da minha zona de conforto, arriscar-me um pouco, apenas me deixar levar, por assim dizer. Sempre fui uma daquelas mulheres que calcula cada passo a ser dado, mais prevenida que precavida.

Embora essa atitude tenha me salvado de muitos erros, também cortou minhas asas em outros ocasiões, fazendo com que eu perdesse muitas oportunidades das quais sinto falta hoje. Todos os medos e restrições estão em nossa cabeça. Por isso, quando arriscamos enfrentá-los, eles acabam desaparecendo.

Arriscar-se e enfrentar o medo não é o mesmo que não ter limites sadios

Tampouco tem a ver com “se arremessar de lança na mão” contra o mundo e devorá-lo inteiro, sem distinguir o bem do mal. Para tudo há um limite, e esses valores e princípios que me ensinaram têm que servir para alguma coisa, assim como meus tombos e ferimentos.

Se queremos mudar nossa vida, devemos garantir que seja sempre para o bem. Que essa mudança nunca nos faça cair ou retroceder a um estado de dificuldade pessoal e espiritual; isso porque você pode se ver imerso em um abismo profundo e sem saída.

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Que você não chegue no dia da sua morte sentindo medo

Uma das situações das quais os moribundos mais se arrependem, é daquilo que deixaram de fazer por terem medo.

Pode ser que muitos se arrependam de nunca terem conseguido dizer a seus familiares o quanto os amavam. Outros se arrependem de todo o tempo que passaram trabalhando, e não aproveitaram por terem  responsabilidades demais. Outras pessoas não param de pensar na quantidade de vezes que negaram a si mesmas para agradar os outros.

Por trás de todas as coisas que não foram feitas está o medo

Medo de dizer o que sente, de passar por dificuldades financeiras, de ser livre.

Por quê?!, Por que esperar até os últimos momentos da vida para perceber que não fomos totalmente felizes por nos refugiarmos no medo e nos recusarmos a desfrutar uma boa experiência?

Não espere a morte chegar.  Em vez disso, reserve um tempo para abraçar e dizer o que sente a todos que você ama; você não perderá nada, mas ganhará muito.

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Pare de adiar as férias e vá para o lugar que você sempre quis visitar; e se não der, vá para outro lugar. E, é claro, não tente agradar todo mundo, não tenham medo de dizer não e de estabelecer limites. Os outros não vão parar de fazer o que gostam para deixar você feliz.

Como saber se você está escolhendo bem e não está perdendo o rumo?

Simples, pergunte a si mesmo o que você está arriscando, o que você perderá se fizer isso ou aquilo. Essa é a melhor medida para saber se você vai perder ou ganhar algo ao se arriscar para fazer o que deseja ou sonha.

Daqui em diante, sempre que uma oportunidade for colocada na minha frente, perguntarei a mim mesma: “O que você perde ou ganha se fizer isso?”, “Você ganha mais do que perde?”

Se, ao analisar esses dilemas, eu constatar que vou ganhar mais do que perder, então vou me arriscar. Se for o contrário, não vai valer a pena. Procuro coisas com as quais tenho algo a ganhar e que me façam feliz.

Convido você a não ter medo, a encarar de frente. Por medo, não fiz muitas coisas que hoje tornariam minha vida muito melhor. O que você perde ou ganha sempre estará sob seu controle.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original El león y el miedo: una historia sobre tu peor enemigo

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.