O que especialistas dizem sobre colocar coleira infantil na criança?

Coleira infantil causa polêmica. Pais se posicionam contra e a favor. E você, usaria?

Stael Ferreira Pedrosa

A coleira ou mochila-coleira tem sido usados por pais que querem manter seus filhos mais inquietos sob controle. Embora seja algo útil do ponto de vista prático, a coleira tem causado polêmica.

O acessório é conectado a um dos pais e à criança que se pretende manter próxima. Seu uso tem muitas explicações como, por exemplo, o desaparecimento de crianças em lugares tumultuados como shoppings, lojas ou parques.

Os pais adeptos do uso da coleira dizem se sentir mais seguros ao andar com as crianças por esse tipo de lugares, principalmente aqueles que têm gêmeos ou mais de uma criança pequena ao mesmo tempo. No entanto, tal sentimento não é compartilhado por muitos pais e psicólogos que acabam se dividindo em grupos a favor e contra o tal acessório.

Quem é favor, que argumentos usa?

É o caso de Katy Maher, blogueira e mãe de gêmeos com 1 ano e dois meses de idade que mora em um bairro movimentado de Chicago, para quem, o fato de saber que as crianças estão firmemente ligadas a ela, dá paz para se aventurar pelas ruas do bairro. Embora sempre surjam os olhares atravessados, ela se sente tranquila por saber que seus filhos estão seguros.

Clint Edwards é a favor e diz que sua filha é uma garotinha “selvagem” e que a coleira ajuda a mantê-la não apenas fora da estrada (Clint vive em uma fazenda) bem como para evitar que ela enfie a mão em algum tipo de máquina como a que produz melado ou mesmo uma máquina de sorvete em alguma lanchonete.

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Para Clint a maior dificuldade é que você receberá críticas usando ou não usando e que se ele não colocar sua filha Aspen na coleira, “ela pode surgir nos autofalantes dos shoppings ou parques como a criança que se perdeu dos pais, ou entrar na jaula de um tigre, pois ela se move mais rápido que qualquer atleta olímpico”, diz o pai.

Quem é contra, como se justifica?

Muitas mães (e pais também) não veem o acessório com bons olhos. É o caso de Milene, que prefere explicar ao filho de dois anos que ele deve permanecer a seu lado, ser obediente e caso não o faça, haverá consequências. Ela diz que prefere educar seus filhos de maneira que baste uma palavra ou um olhar para conter uma “atitude inaceitável”.

Para Paulo Belmino, o uso da coleira “castra” a criança e tira sua independência. Ela diz que “Coleira é pra cão, guia, minha filha eu conduzo na voz, no afeto, no que ensino e dialogo e no toque de nossas mãos que nos faz sermos juntas em qualquer lugar por onde ela for”, conclui Paula, que diz que controla a filha com conversas.

E os psicólogos, o que dizem?

Peggy Drexler, professora de psicologia da Universidade de Cornell é totalmente contra o uso das coleiras. Segundo ela, embora dê tranquilidade aos pais, a coleira enfraquece psicologicamente a criança e tira desta a obrigatoriedade de ouvir os pais. Para ela, não há aprendizado ou amadurecimento se a criança fica presa. Elas não aprendem a resistir aos comportamentos que podem colocá-las em risco e que isso só vem através de ensinamentos cuidadosos e constantes de seus pais. E, claro, dá trabalho. Ninguém disse que seria fácil.

Já a psicóloga Milene Massucato, acredita que o uso da coleira em locais de grande aglomeração não atrapalha em nada o desenvolvimento psicológico de uma criança. O problema de acordo com Milena, é que os vínculos entre pais e filhos se fragilizam, pois sob constante vigilância e colados aos pais, estes nunca saberão se seus filhos obedecem ou não.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.