O que você ensina a seus filhos sobre as coisas? Seu valor ou seu preço?

A felicidade vem pelas mãos da humildade e da coragem que você dá às pessoas.

Erika Otero Romero

Vivemos num mundo onde o capitalismo e as classes sociais são aspectos que sobressaem à primeira vista. Milhões de pessoas no mundo são governadas por aquilo que têm. Além disso, há países onde as pessoas são abertamente desprezadas se não têm comodidades econômicas. Inclusive, há casamentos combinados entre filhos de famílias ricas para “engrandecer o patrimônio econômico”. Nesses arranjos matrimoniais pouco importa o amor, só o dinheiro tem valor e dá prestígio.

Esses tipos de “relações” existe e eu não estou falando de países “atrasados” culturalmente; isso pode estar acontecendo perto de sua casa.

Tenho algumas primas “do lado rico da família” que se casaram com esse parâmetro. Seus pais fizeram seus futuros genros assinarem contratos pré-nupciais para proteger os bens de suas filhas. Entendo a posição deles; querem proteger os bens obtidos com esforço. Isso me leva a pensar: O que vale mais: o amor ou o dinheiro?

Agora, sobre isso, quero lhe fazer uma pergunta, como está educando seus filhos nesse aspecto? Ensina-lhes a diferença entre o valor das coisas ou o preço delas?

O dinheiro é importante, mas não é tudo

Acredito que em todas as famílias existe esse setor de pessoas que nasceu com privilégios. Posso dizer como funciona porque metade da minha infância estive perto delas. Não vou enganá-lo, eu nasci e cresci numa família de classe média com poucos privilégios. Nos fins de semana, íamos a casa da minha avó e primos ricos, que sempre foram pessoas amáveis e gentis. Depois de um tempo, e por razões que não vêm ao caso, acabamos nos distanciando. Lembro-me de que nunca menosprezaram minha irmã e eu por não sermos da mesma classe social. Isso se deve à criação que minha tia lhes deu.

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Ela sempre foi uma mulher de grandes valores e princípios, e realmente gostava da minha mãe, por isso sempre nos tratou com carinho e ajudou em tudo o que podia. Ela deu um bom exemplo a seus filhos sobre o que tinha mais valor na vida: as pessoas.

Sim, sei que não faltará quem pense: “mas essas pessoas ricas não entendem de necessidades”. Não acredite nisso, pois elas sabem; pode ser que não lhes falte dinheiro, mas às vezes lhes falta amor, compreensão e fidelidade. Mesmo quando se tem dinheiro, muitas pessoas vêm falar conosco à procura de algum benefício – seja amizade, amor ou negócios, pessoas dispostas a enganar há de sobra.

A necessidade de ensinar as crianças a apreciar o valor das coisas

Quando dizemos valor, referimo-nos ao valor que tem algo pelo que possa significar, não pelo seu preço.

Há pessoas que dão um significado tremendo aos presentes que recebem de outras pessoas pelo que pode custar. Há outros que, em vez disso, valorizam uma simples flor silvestre e a valorizam como sua maior bênção. Que tipo de pessoa você é?

Conheço alguém que cresceu numa casa cheia de dificuldades financeiras. Nunca lhe faltou o básico, mas, já na idade adulta, é dessas pessoas que sempre querem mais. Ele só usa roupas de marca e, para ele, quem não as usar vale menos.

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Como disse antes, tive muitas dificuldades financeiras ao longo da vida. É por isso que fui vítima de muitas humilhações por parte desse personagem. No entanto, aprendi que as pessoas “só dão o que têm no coração”. É verdade, ninguém pode dar o que não tem. Para ele, as pessoas valem pelo que têm, não por quem são; uma forma muito infeliz de ser.

Como ele, há muitas pessoas no mundo que só dão importância às posses materiais. Não é que ser rico seja ruim, oxalá todas as pessoas no mundo soubessem o que é não passar necessidade. O dinheiro dá tranquilidade econômica, mas também traz alguns problemas. No entanto, essas dificuldades podem diminuir se se tem bondade, princípios e valores.

Como ensinar as crianças que a felicidade pouco tem a ver com dinheiro

Dizíamos que o dinheiro não é tudo, mas dá paz. O dinheiro é importante, mas é mais o valor que damos às coisas e às pessoas. Quando uma criança aprende isso, cresce sendo humilde, amável e de valor para a sociedade.

Há centenas de pessoas milionárias no mundo que não são felizes. Sofrem solidão, enfermidades e até deslealdade por parte de familiares e “amigos”. As pessoas com poucos recursos também sofrem, mas a maioria tem bons amigos ao seu redor. Apesar disso, tudo na vida das pessoas é relativo. Há pessoas felizes e infelizes, independentemente do quanto tenham em suas contas bancárias.

Uma criança tem de aprender que, às vezes, os pais podem comprar-lhe um brinquedo e outras vezes, não.

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Incentive seu filho a brincar com paus e galhos, a fazer maracas de Natal com tampas e um pouco de arame velho. Force-o a usar seus lápis de cor velhos até que acabem. Fazer essas pequenas atividades lhe ensina a valorizar as pequenas coisas que lhe oferece a vida,

Quando for uma data especial, ajude-o a fazer um desenho ou um presente com suas próprias mãos, para presentear. Ajude-o a pegar algumas flores no caminho e dê-as para mamãe ou vovó como presente.

Mesmo que você tenha recursos para dar tudo o que ele quiser, ajude-o para que “conquiste” aquilo que tanto deseja. Não é dar por dar, é dar porque ele merece.

Por fim, ensine pelo exemplo. Cuide do que faz e diz diante do seu filho; ele ou ela aprenderá de você, de tudo o que fizer, não o que disser. Seja humilde, generoso e bom, e seu filho será da mesma maneira.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Qué les enseñas a tus hijos sobre las cosas? ¿Su valor o su precio?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.