O tempo ajuda a curar a dor, mas a oração pode curá-la mais rápido

Às vezes o tempo ajuda a curar o passado, mas a oração nos sustém em todos os momentos e lugares.

Erika Otero Romero

A vida nos surpreende muitas vezes e não de uma forma agradável. É uma espécie de montanha-russa com muitas voltas, altos e baixos que o pegam de surpresa e, muitas vezes, você nem tem tempo de reagir.

Sei por mim mesma que as coisas que acontecem hoje nos transformam e nos fortalecem para o amanhã, mas como machucam!

Há alguns dias, ouvi um especialista em Programação Neurolinguística dizer o seguinte: “O que aconteceu com você foi terrível, mas fez de você a pessoa que é hoje” .

Um pouco da minha história

Minha infância e adolescência não foram tão terríveis quanto eu acreditava quando tinha 20 anos de idade. Naquele tempo, quando eu olhava para trás, via aqueles anos como a pior época da minha vida. E achava o mesmo enquanto os vivia.

Aos 11 anos, percebi que tinha que amadurecer à força. Minha infância não foi ruim em termos de conforto material; no entanto, a vida familiar estava longe de ser a desejada por uma criança. Não vou entrar em detalhes porque não são necessários, basta dizer que, quando completei 11 anos, preferi passar fome a suportar violência.

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Quando eu tinha essa idade, meus pais se separaram. Naquela época, eu tinha plena consciência de que a vida não era livre de sofrimento. Eu aprendi coisas que, naquela idade, nenhuma garota deveria aprender. Apesar disso, preferia muito aquela vida que levava cheia de restrições; e sim, com tão pouco, eu era razoavelmente feliz.

Na minha adolescência, não havia um dia sequer em que não houvesse algum desafio financeiro em casa. Na escola, fui humilhada por meus professores por não ter material escolar. Com as colegas, a situação era semelhante. Apesar disso, aprendi a me defender do bullying e ele simplesmente desapareceu. Naquela época, minha mãe, minha irmã e eu conseguimos o melhor que podíamos.

Um pai rígido

Não quero falar mal do meu pai, mas, naquela época, ele estava bem longe de ser alguém que eu respeitasse. Eu o via tão pouco, que muitas vezes me esquecia de sua fisionomia. Por anos, ele se esqueceu das duas filhas do casamento que teve, que ainda eram muito jovens para se sustentar. Minha mãe fez o que pôde e nos ajudou.

A verdade é que eu chorava à noite e me perguntava quando a vida deixaria de ser tão dolorosa. Eu queria crescer e trabalhar para sustentar minha mãe e minha irmã. Os dias eram eternos, os problemas eram (a meu ver) intransponíveis e as limitações, infinitas.

Meu pai começou a voltar para nossas vidas porque eu estava prestes a terminar o ensino médio e ele estava interessado em pagar minha faculdade. Mas a que preço?

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As humilhações a cada final de semestre para pagar o seguinte eram intermináveis. Passei a odiar porque não apenas estudava com recursos limitados, como era um curso que eu não queria fazer.

Foram 13 anos que, para mim, representaram uma eternidade de sofrimento, baixa autoestima e humilhação. Todos os dias eu tinha que optar entre voltar para casa com o transporte e voltar a pé para conseguir comprar as apostilas. 

Eu estava zangada porque ele tinha todos os recursos necessários para dar uma vida decente para mim e minha irmã. Nós ainda éramos suas filhas, mas ele nos tratava a pontapés. Eu estava muito zangada comigo mesma porque tinha medo dele devido ao tratamento cruel que recebi na infância. Aqueles anos foram um inferno.

A oração me manteve forte

Hoje, recordo-me vagamente de uma oração que elevava ao céu todas as noites: “Deus! Quando essa provação vai acabar? Eu não aguento mais. Por favor, me dê forças, me ajude, não aguento mais!” 

Lembro que também pedi aos céus que um dia ele visse todo o mal que nos havia feito. Que ele sofresse pelo menos um pouco do que nos havia feito sofrer.

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Sei que minhas orações foram atendidas porque, hoje, meu pai é um homem completamente diferente do que era anos atrás.

Essas orações me sustentaram e foram luz e esperança. Talvez eu orasse diferente se, naquela época, eu soubesse o que sei agora.

Hoje sei que minhas orações foram ouvidas. Melhor do que isso, elas me tornaram a mulher que sou hoje. Não é que eu seja santa, nem pretendo ser. Sou uma mulher madura que tem clareza sobre o que quer da vida. Também tento fazer o melhor que posso por minha família. Aprendi a perdoar e a ser um bom ser humano. Também acredito em Deus, Ele me sustém todos os dias.

Convido você a orar em todos os momentos. Ore nos momentos de solidão e tristeza, mas também quando estiver desfrutando os bons momentos.

Lembre-se de que a oração é a maneira mais eficaz de se aproximar de Deus. Nunca se esqueça de que, mesmo se achar que suas orações não estão sendo ouvidas, elas serão respondidas na hora e no lugar certos.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original El tiempo ayuda a sanar el dolor, pero la oración puede curar más rápido

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.