Pedagogia dos Opressores: Como lidar com o bullying vindo dos professores

Os pais devem estar atentos ao que acontece com seus filhos na escola. O bullying pode vir de onde não deveria jamais - dos próprios educadores.

Afton Lambson

Paulo Freire, notável educador e filósofo brasileiro, escreveu a respeito de como a educação transforma e melhora a qualidade de vida em todas as classes sociais. Seu livro, Pedagogia do Oprimido (1968), teve como objetivo melhorar as oportunidades de educação à população pobre das áreas rurais, particularmente aqueles por ele chamados “colonizadores” e “colonizados”. Esse trabalho libertador tem inspirado não só a toda a nação brasileira como também o pensamento de educadores em todo o mundo e vendeu mais de um milhão de cópias.

O que acontece quando um professor que deveria prevenir o bullying se torna o próprio opressor dentro da escola? E se o agressor de seu filho for seu próprio professor? Cada escola é essencialmente uma colônia. O bullying infelizmente está se alastrando em todas as escolas e os pais, educadores e legisladores estão em busca de soluções e respostas ao problema.

O que as pesquisas dizem

Dr. Stuart Twemlow, psiquiatra e diretor do Peaceful School and Communities Project (Projeto Escolas e comunidades pacíficas) da Universidade de Baylor no Texas – EUA nos fornece uma visão sobre “essa raça de valentões da escola”. Em um estudo de 2005, Twemlow constatou que “45 por cento dos 116 professores da amostra apresentavam indícios de que em algum momento de suas carreiras haviam intimidado um estudante.” Os professores como quaisquer seres humanos são passíveis de perder a paciência e exercer julgamentos equivocados, mas isso não é uma justificativa suficiente se a criança volta para casa chorando no ônibus.

A maior parte dos professores que conheço são pessoas dedicadas, profissionais e compassivos como Victoria Soto, da Escola fundamental de Newton, Connecticut – que deu sua vida para proteger seus alunos durante o atentando conhecido como o Massacre de Newton onde 26 pessoas entre as quais 20 crianças foram abatidas a tiro pelo filho de uma das professoras.

No entanto, alguns professores esquecem por que escolheram tornarem-se educadores e negligenciam suas crianças. Alguns poucos professores podem até sentir alguma satisfação em mostrar seu lado sádico às crianças sem nem mesmo perceber o quanto isso é prejudicial. Então que medidas tomar para proteger os seus filhos de professores assim?

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Lidar com bullying de adulto é como lidar com qualquer outro tipo de abuso.

Confronte

. Adultos estão sempre dizendo às crianças para ignorar os provocadores. Por quê? Ignorar uma ou outra palavra ou empurrão ocasional pode funcionar. Mas, em se tratando de professores, os pais não podem ignorar ou tolerar esse comportamento, pois os educadores estão em uma posição de confiança. Escolheram essa profissão por que estão, supostamente, interessados no bem-estar das crianças. Quando isso não acontece, os pais têm o direito e a responsabilidade de lidar com a situação reunindo informações precisas de todas as partes envolvidas, amigos e colegas. Geralmente um telefonema ou reunião com o professor é suficiente para acabar com o problema. É importante ater-se aos fatos e não se deixar levar apenas pela emoção, tornando-se vingativo ou reagindo além do exigido pela situação, se você quer o melhor resultado para seu filho.

Usar seu advogado como ameaça geralmente não é útil e nem necessário.

Documente

. Converse com seu filho sobre o que está acontecendo e anote todos os detalhes relevantes sobre o incidente. Ter canais de comunicação abertos em casa é importante para as crianças em todas as fases, principalmente para os mais jovens e, portanto, mais vulneráveis. Anote também o que conversar com o professor, aí você terá informações suficientes caso precise levar o problema a esferas da justiça. Verifique a política da escola e busque aconselhamento jurídico se necessário. Permita-se ser guiado pelo amor e pelo profissionalismo e não pela raiva nesse processo.

Previna

. Antes de qualquer coisa seja o tipo de pai que nunca menospreza ou abusa de uma criança de maneira alguma. Comunique-se com seus filhos sobre tudo. Capacite-os a cuidarem de si e de outros. Faça uma reunião pessoal com o professor de seu filho no início das aulas e mantenha contato durante todo o ano letivo, para que o professor saiba que como pai, você está atento e ciente do que está acontecendo em sala de aula. Acompanhe seus filhos se houver viagens escolares ou atividades que se realizem à noite. Não permita que seus filhos aceitem pedidos de amizade de professores em redes sociais. Não permita que seus filhos venham a coagir ou tratar mal um professor ou qualquer pessoa online. Se souber de um professor ou diretor tirano, fale publicamente para proteção de todas as crianças. Una-se a outros pais e educadores comprometidos com a ética e o bem-estar dos alunos para criar no lar e na escola espaços seguros para elas. Não há como prever todos os problemas e situações nocivas que a criança irá enfrentar neste mundo, mas esse tipo de bullying é evitável e prestará um grande serviço a centenas de crianças que podem eventualmente estar passando por um abuso emocional ou físico por parte de um professor.

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Um fim à dor

Nenhuma criança merece ser maltratada, especialmente por alguém que é o depositário da sagrada confiança em educá-la. Nenhuma comunidade deve tolerar ou fechar os olhos para as agressões de um professor que oprime seus alunos. Esses passos e a voz unida dos pais podem ajudar a estabelecer a segurança nas escolas. É uma questão de liberdade. O filósofo brasileiro, Paulo Freire, sabia e com esse conhecimento libertou os oprimidos em seu meio. Foi uma libertação intelectual, libertação da opressão física e da dor. Não é o que nossos filhos estão pedindo? Não é o que eles merecem?

Traduzido e adaptado por Stael Metzger do original Pedagogy of the oppressors: How to handle a bully teacher, de Afton Lambson.

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Afton Lambson

Afton Lambson nasceu no estado de Arizona, graduado pela universidade de BYU, educador em Salt Lake City, Utah.