Por que não consigo aceitar que tudo acabou?
Todos nós sabemos quando algo já deu tudo o que tinha que dar, seja um trabalho, uma amizade ou um casamento. O problema não é não conseguir ver a diferença, mas gostarmos muito de ter a nossa vida sob controle.
Yordy Giraldo
É melhor um mal conhecido do que um bem desconhecido? Então, a pergunta se responde sozinha, se é mal, é melhor ir por bem a ficar investindo em algo que de forma alguma lhe dará lucro. No entanto, as pessoas em nossos relacionamentos amorosos não pensam da mesma maneira. O mal conhecido é sempre mais tentador do que a possibilidade de algo melhor. E como é apenas uma possibilidade, são poucos os corajosos que decidem tentar.
Ainda que nos façamos de idiotas, a verdade é que todos nós sabemos quando algo já deu tudo o que tinha que dar, seja um trabalho, uma amizade ou um casamento. O problema não é não sabermos a diferença entre algo que funciona e algo que não funciona, mas o fato de que gostamos, e gostamos muito, de ter a nossa vida sob controle, e relacionamentos já conhecidos oferecem essa segurança.
Mas, ainda assim, no fundo insistimos em fingir que não temos a resposta para a nossa dependência, e embora não tenhamos coragem de dizer isso em voz alta, temos consciência de que nenhum dos nomes que damos a isso é amor. Mas se você precisar que alguém seja explícito com você, eu serei. Aqui estão algumas entre as razões pelas quais você continua agarrado nessa “corda”.
Por que é difícil para nós “soltar a corda”?
A instabilidade emocional que
podemos carregar dentro nós
De acordo com um estudo da Oakland University, manter contato com nossos ex-parceiros (também se aplica a permanecer vinculado a nossos parceiros) mostra que somos narcisistas, manipuladores, e é reflexo de algum grau de psicopatia, principalmente quando por trás de nosso interesse aparente se esconde a inteção de obter benefícios.
Não queremos perder o tempo investido
Investir anos, sentimentos, expectativas, para no final ter de aceitar que perdemos e que teremos que seguir em frente de mãos vazias é algo que nos é tremendamente difícil de aceitar. Portanto, embora saibamos que tudo foi à ruina, preferimos ficar nos escombros a tentar de novo.
Gostamos da sensação de pertencimento
Ter um cônjuge não é apenas amar, mas sentir que pertence a ele e ele a você. Você pode não gostar da forma como descrevo, mas definitivamente, o apego, cuja função é nos fornecer segurança e proteção, é um dos argumentos mais fortes para estar com alguém.
Medo de intimidade
Quando estamos com uma pessoa já há algum tempo, a maioria de nossos medos já foram superados, mas apenas com essa pessoa. Sentir-nos vulneráveis novamente com outra pessoa é algo que assusta bastante muitos de nós. Assusta tanto, que preferimos ficar no mesmo lugar, mesmo que não sejamos felizes.
Baixa autoestima
A autoestima, ou melhor, a baixa autoestima é uma constante em todas aquelas coisas que nos deixam infelizes, mas que aceitamos da mesma forma. Portanto, é uma das razões mais recorrentes para resistir às mudanças.
Medo da solidão
E não me refiro apenas à ausência dessa pessoa em sua vida, mas também de coisas materiais. Estar por conta própria implica cuidar de nós mesmos, e muitos de nós não sabemos, ou acreditamos que não podemos fazer isso. Por isso precisamos de alguém que cuide de nós, e isso é um adesivo fortíssimo nos relacionamentos.
Entendo perfeitamente a sensação, pode acreditar, não é um lugar desconhecido para mim. Mas depois de ter estado lá, e finalmente ter encontrado coragem para deixar ir, a recomendação é que você solte as amarras.
Não há nada mais agradável do que sentir, recuperar o fôlego em vez de prender sempre a respiração por medo. Não há garantia alguma, exceto, talvez, que aceitar que tudo acabou seja a coisa certa a fazer.
Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original ¿Por qué no puedo aceptar que todo acabó?