Por que sempre me apaixono pela pessoa errada?

Quer encontrar a pessoa certa? Quer parar de mirar no que vê e acertar no que não vê? Aqui estão alguns segredinhos que você precisa saber.

Stael Ferreira Pedrosa

A queixa é comum: Procuro príncipe, mas só acho sapo. Beijo o príncipe e ele vira sapo. Miro no que vejo e atiro no que não vejo. Não tenho sorte no amor. Homem é tudo igual. Mulher só quer homem rico.

Quem nunca ouviu essas queixas vindo da amiga, do amigo, dos irmãos e até da própria boca? Creio que todos já ouviram e a gente sempre fica naquela: “Oh, céus! O que dizer?” Ou “O que faço para encontrar a pessoa certa?”

Bem, o problema é um pouco mais profundo do que parece. Isso não acontece por acaso e está bastante ligado à sua infância, seus modelos masculinos e femininos e aos condicionamentos que se vai recebendo ao longo do tempo.

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Para começar

Antes de mais nada é bom livrar-se do pensamento de que “ele/ela é a pessoa errada e eu sou a certa.” Não existe tal coisa. É como dizer que as outras peças do quebra-cabeça que não se encaixam com a minha estão erradas. Não estão. Apenas não se encaixam a minha, mas irão se encaixar com a peça certa.

Olhe para dentro de si mesmo

Geralmente existem razões ocultas para procurarmos e insistirmos em nos encaixar sempre às peças que não se encaixam conosco. Se este é um padrão repetitivo, o problema não está no outro, mas em si mesmo. E a razão pode ser desde um relacionamento problemático com os pais, baixa autoestima, expectativas irreais até culpa. Ou seja, a sombra por trás da sua personalidade.

Segundo Carl Jung, a sombra é aquilo que não fazemos aflorar à consciência e que aparece em nossas vidas como destino. É nosso conteúdo no inconsciente pessoal, e no pacote estão nossas crenças aprendidas, as verdades que assumimos como tal e tudo aquilo que negamos. Para melhor compreendermos isso imagine-se com dois anos de idade explorando o mundo e absorvendo tudo ao seu redor. Uma outra criança vem, lhe dá um tapa e você revida. Sua mãe diz com cara brava: “Não pode bater no coleguinha, tem que ser bonzinho”. Aí você aprende que ser bonzinho significa apanhar e não revidar. Essa verdade fica guardada no inconsciente e quando mais tarde você se relaciona com seus pares, você ainda quer agradar a mãe dentro de si e aceita tudo que o outro faz sem revidar, magoando-se e engolindo a própria mágoa para ser “bonzinho”.

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Pode ainda ser algo como: “Nenhum homem presta”, “Toda mulher é interesseira”, etc. Essas mensagens ouvidas na primeira infância – principalmente se vierem dos pais, são prontamente assimiladas como verdades e surgem no adulto sabotando os relacionamentos.

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Além disso, as mensagens recebidas na adolescência pela pressão do grupo atuam enchendo ainda mais o nosso pacote sombra. Eu perdi a oportunidade de namorar (e talvez até casar-me) com um bom homem, por pressão do grupo em que me inseria na adolescência. O grupo o considerava cafona e eu, para parecer descolada, o desprezava. Quem era a pessoa errada?

Como resolver?

O primeiro passo é o autoconhecimento. Buscar as razões ocultas que o fazem entrar em relacionamentos que estão fadados ao fracasso. Uma boa maneira de começar a enxergar o que está na nossa sombra é nos perguntando: O que me irrita no outro? O que nele é difícil aceitar? É bem possível que aquilo que você vê de desagradável no parceiro, é o que você traz na sua sombra e que lhe impede de ter um bom relacionamento. Por exemplo: você se irrita porque o seu/sua namorado(a) é muito independente e não aceita alguns “conselhos” que você lhe dá. Isso pode significar simplesmente que você adoraria ser tão livre quanto ele, mas reprimido inconscientemente por uma memória interna da mãe controladora dizendo: “Você deve pedir permissão, deve me ouvir, deve me obedecer, dizer onde vai”, etc., você acaba por querer repetir o comportamento materno com o outro e se irritar por não conseguir controlá-lo.

A menina que precisa ser boazinha para ter o amor do pai, ou que sente culpa por ser quem é, irá repetir esse comportamento com os homens em sua vida e a tendência é que ela escolha homens agressivos. Aquilo que reprimimos e odiamos em nós mesmos se voltará contra nós em forma de hostilidade por parte do sexo oposto.

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Pode-se concluir então que só mudaremos essa tendência de atrair a pessoa errada quando compreendermos que o erro que vemos no outro está dentro de nós mesmos. Então a solução é começar a desenvolver em nós as qualidades que buscamos. Semelhante atrai semelhante. Seja você mesmo, o exemplo do que espera encontrar no outro.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.