Qual é a realidade por trás das pessoas infiéis?
Você não é responsável pelas feridas que uma pessoa infiel lhe tenha causado, mas é responsável por se curar e seguir em frente.
Erika Otero Romero
Há alguns dias, ouvi uma terapeuta e programadora linguística explicar o seguinte sobre infidelidade. O que ela me fez ver naquele momento, mudou a minha maneira de me sentir completamente.
Ela explicava à entrevistadora que tudo muda quando se retira da frase “Fulano me foi infiel”, a palavra “me”. Em seguida, fez a entrevistadora dizer novamente a frase, mas sem o “me”, o resultado foi o seguinte: “Fulano, foi infiel”. O sentido muda por completo, tira de você e coloca na pessoa que lhe foi infiel, a responsabilidade pela traição.
Quantas vezes não nos sentimos responsáveis por termos sido traídos? Muitas, não é? O ponto é que uma pessoa trai porque ela é infiel; e não é que foi infiel por ser você, é que é da natureza dela trair. É o mesmo quando dizemos: “Ela me mentiu“, não é assim: ela mentiu porque é mentirosa. Basicamente, o que a entrevistadora quis dizer é que você não tem de carregar (com dor) o que é da natureza de outra pessoa.
O que leva alguém a ser infiel?
Por anos, o ato de trair tem sido culpado pela monotonia, falta de diversidade sexual, tédio e outras séries de situações; no entanto, a realidade é completamente diferente.
Não, a monotonia não leva a que um cônjuge seja infiel ao outro. São os vazios emocionais, a falta de maturidade e a irresponsabilidade emocional que o levam a trair; não é a monotonia nem o cansaço, é a sua natureza.
Uma pessoa é infiel por várias razões completamente pessoais e que implicam insegurança em si mesmo. Um infiel precisa preencher as seguintes necessidades:
Validação externa
Para confirmar o seu valor como homem ou mulher, precisa constantemente de validação exterior.
Isso tem muito a ver com o amor-próprio. Uma pessoa que está segura de sua feminilidade e masculinidade plena não precisa ir de uma pessoa a outra para validar-se; este é um conceito que ela tem interiorizado há muito tempo. Quer dizer, sente-se homem ou mulher o suficiente e não precisa que alguém lhe diga que pessoa maravilhosa ela é.
O problema é que a pessoa infiel requer constantemente que outras pessoas lhe digam o quão atraente, poderosa e boa amante é. Se além disso, encontrar parceiros que satisfaçam essa necessidade constante, ela se verá obrigada a agir dessa maneira toda vez que não se sentir satisfeita. É como ter sede de maneira constante, toma de uma garrafa e outra, mas nunca há satisfação. A infidelidade é um constante autoengano.
Necessidade de ratificação quanto à sua atratividade
Não mintamos um ao outro, muitas pessoas limitam a sua atração pessoal à aparência física. A situação é que mesmo que alguém possa ser tremendamente bonito e atrair muitas pessoas, geralmente não pode nem quer manter nenhuma a seu lado.
Pode haver um medo inconsciente de sair ferido ou de se apaixonar. Por isso, ele só se entrega sexualmente, e para não se envolver em relações sérias, vai de uma pessoa para outra. Além disso, precisa sempre que lhe digam o quão bonito ele é. Ele vai de uma pessoa para outra ratificando o que ele não pode ver no espelho. Isso o leva a uma vida repleta de relações vazias e puramente sexuais, sem qualquer tipo de entrega profunda e emocional.
Não estar disponível, emocionalmente falando
A pessoa tem medo de amar alguém de forma estável e se machucar. Isso faz com que seja infiel, porque manter vários relacionamentos ao mesmo tempo impede que se conecte emocionalmente.
É provável que, em alguma relação anterior, tenha sido vítima de traição; como represália decidiu não voltar a ter um parceiro estável. O resultado é que irá de uma pessoa a outra e dessa maneira evitar apaixonar-se.
Pouca tolerância à frustração
As pessoas infiéis necessitam constantemente de estímulos sexuais e emocionais. Quando estão com alguém que já não lhes proporciona essas ondas físicas de mimos e paixão, procuram outra que as satisfaça.
O infiel não sabe nem pode tolerar que uma relação caia na estabilidade. Também não está disposto a fazer a sua parte para que a relação que mantinha volte a tomar novos ares.
É assim que a pessoa infiel mantém duas relações paralelas: uma que lhe proporciona um certo grau de segurança e outra que o estimula e o faz sentir-se vivo.
Curar uma infidelidade
Quando ouvi sobre dar a responsabilidade a quem é responsável pela ação, muitos sentimentos desagradáveis que ainda carregava comigo ficaram para trás.
Eu vivi uma infidelidade; por anos me culpei, me senti pouco mulher. Foram muitos meses e os vivi com a sensação de que eu provoquei a infidelidade. Durante anos acreditei nisso, porque além disso, foi tanto o abuso, que acreditei que eu não valia o suficiente.
Curar essas feridas emocionais, literalmente, levou anos. Até que chegou um momento na minha vida em que prometi a mim mesma ficar sozinha por medo de voltar a passar pelo mesmo. Felizmente, a situação mudou quando percebi que abri meu coração para outra pessoa. Hoje, sei que estou completamente preparada para amar de novo e de maneira saudável, sem sobrecarregar um parceiro com as culpas e responsabilidades de outra pessoa.
Curar uma infidelidade não é fácil e leva tempo. Você tem que aprender a ver-se novamente como alguém valioso e que merece ser bem-amado.
Também é necessário aprender a impor limites e a respeitar-se, porque se alguma coisa precisa estar clara, é que, como você se ama, o amarão; como você se vê, é como lhe verão. Partindo disso, aprenda a reconstruir a sua autoestima ferida e dar uma nova oportunidade ao amor.
Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Cuál es la realidad detrás de las personas infieles?