Seu filho foi diagnosticado com uma síndrome rara, mas ela não desanimou e fez algo incrível
Conheça a história e exemplo de Karolina Cordeiro e seu filho Pedro, que mostra que, dependendo de como enxerga a vida, em vez de ver mágoas, desilusões e desânimo nas dificuldades, ela vê muita força.
Marcia Denardi
A história de Karolina Cordeiro, por exemplo, mostra que qualquer desafio pode ser visto pela perspectiva positiva, proporcionando aprendizado, força e, acima de tudo, fé.
A geógrafa Karolina Cordeiro sempre foi a típica mulher moderna: esposa, excelente profissional, mãe presente e exemplar, e com tudo isso, ainda tirava um tempinho da sua rotina para correr. A mineira de Uberlândia praticava o esporte como simples hobbie, sem compromisso. Até que um evento marcante em sua vida a fez mudar seu dia a dia de forma radical.
Pedro, a corrida e a dança
Karolina é uma mãezona superpresente na vida dos filhos Ana Júlia, Pedro e Giovana. E depois que Pedro foi diagnosticado com uma síndrome extremamente rara, que acometeu regiões do cérebro responsáveis por sua movimentação, Karolina viu seu mundo desmoronar. Ele desenvolveu essa síndrome com menos de um ano de vida, mas foi com dois anos que os médicos conseguiram descobrir o que o estava acometendo, já que Karolina começou a perceber alguns sintomas incomuns. Depois de muitos exames e se corresponder com médicos de vários lugares, inclusive um inglês, eles finalmente descobriram o que acontecia com Pedro, e a notícia não foi nada boa. Afinal, os médicos haviam dado poucos anos de vida a ele.
Foi com essa triste notícia que Karolina decidiu se o mundo desabaria sobre sua cabeça, ou se ela faria o possível para prolongar a alegria ao lado dos filhos. Hoje, ela abdicou de sua carreira de geógrafa, pois colocou como trabalho primordial fazer com que Pedro vivesse sua vida de forma plena. E é o que está fazendo.
Karolina passou a correr junto com o filho, que tem uma cadeira especialmente desenvolvida para sua condição atual. Já participou de várias corridas até mesmo fora de Uberlândia. Em 2012, Karolina conseguiu autorização dos organizadores do Circuito de Corridas Caixa para correr com Pedro no Dia das Mães. Foram cinco quilômetros de muita emoção, porque Karolina podia ver transbordando nos olhos de Pedro alegria e vitalidade. E graças a essa força de vontade e do amor sem moderação que ela despende aos cuidados com seu pequeno, Pedro continua muito vivo.
Em um projeto de inclusão social, Karolina ensaiou durante quase um ano para uma grande apresentação de dança na sua cidade. “O projeto serviu para mostrar que é necessário respeitar o diferente porque na vida ninguém dança igual”, contou Karolina ao Portal G1.
E eles não param
A corrida já se tornou parte da vida de Karolina e Pedro. Eles correm pela emoção, pela saúde, e pela motivação. As filhas de Karolina acompanham mãe e irmão de vez em quando. E a bela história de Pedro e Karolina é uma forma de incentivo para pais do Brasil inteiro. E um exemplo de que, felizmente, hoje as pessoas podem contar com muitas opções saudáveis de fazer a vida valer realmente a pena.
A inclusão social na vida desse pequeno herói aconteceu de forma gradual, mas felizmente, hoje Pedro conta com a ajuda de uma tecnologia muito avançada que permite a pessoas tetraplégicas movimentar o mouse com os olhos, o que possibilita o aprendizado. O eViacam é um programa gratuito que pode ser baixado pela internet. Pedro está frequentando a escola regular e superou de forma brilhante esse desafio. Foi aos poucos que a escola e a família se acostumaram, mas agora ele está se saindo muito bem.
O maior desafio agora é o mesmo que muitas pessoas portadoras de deficiência enfrentam: a acessibilidade. Infelizmente, muitos cidadãos ainda não entenderam a importância das vagas de estacionamento para pessoas com deficiência. E esse é um ponto tão importante, que já se tornou tema de uma campanha idealizada por Karolina, uma caminhada em 2012 que reuniu cerca de 400 pessoas em Uberlândia. “O motorista tem que se conscientizar que quando ele estaciona nas vagas reservadas aos deficientes físicos, eles não estão somente infringindo uma lei, estão também coibindo o direito de ir e vir do deficiente físico”, esclarece.
Pedro e sua família estão provando que as limitações não são necessariamente um pretexto para que as pessoas desistam e deixem de viver e de ser felizes. Ao invés disso, podem ser motivações, grandes oportunidades de adquirir força, fé, desejo de vencer. E certamente podem se transformar em grandes exemplos e trazer de volta a esperança que muitas pessoas já haviam perdido.