A importância de vivenciar o luto após a separação

Ninguém se casa para separar. A dor e o sofrimento que advém da separação podem ajudar no crescimento pessoal. Aprenda como.

Michele Coronetti

O casamento precisa ser desfeito apesar de todos os esforços para mantê-lo. Todas as tentativas de continuidade foram em vão e cada um seguirá seu caminho. A tristeza virá para ambos, mesmo que a infelicidade fosse uma constante no relacionamento, ainda que se tenha certeza de que é o melhor a fazer. A perda e a frustração se encarregarão de trazer amarguras que poderão durar um longo período.

A vida de casado normalmente implica em buscar o bem-estar do outro, negar-se em muitas situações, proteger e elevar o companheiro, realizar projetos juntos. O rompimento faz com que isso se perca e seja necessário encontrar autoconfiança para voltar a estar sozinho e conseguir cumprir suas realizações pessoais. A Terra continua a girar e é preciso ir em frente.

Vivenciar esta dor é importante para que os indivíduos consigam se reerguer e cicatrizar as feridas passadas. Diferentemente do que se acredita, o luto não é apenas sentido quando uma pessoa falece. Qualquer perda significativa acarreta o mesmo sentimento. Dura cerca de um ano ou mais, dependendo da maturidade e capacidade de superação de cada pessoa.

É importante estar atento aos sintomas como fadiga, quedas imunológicas, alterações do sono, na alimentação, de atenção e concentração, sociais (como o isolamento ou a necessidade constante de conversar sobre a perda), falta de esperança, questionamento de valores e até falar em suicídio, ou prolongamento excessivo do luto. Talvez a busca de ajuda profissional seja de grande valia.

A dor existe e será benéfica se for transformada em maturidade e crescimento pessoal. Para suportar e vencer o luto, o tempo será o maior aliado. Compreensão de amigos e parentes, ajuda profissional e o desejo próprio de buscar o encontro do eu são os melhores parceiros nesta superação.

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A busca da constituição de uma nova família faz parte da natureza humana e deve ser no tempo certo. Famílias com crianças exigem um cuidado especial para que os filhos aceitem a introdução de uma nova pessoa em seu lar, ou outra pessoa morando com seu pai quando vai visitá-lo. A maturidade adquirida pelo luto evita a alienação parental e a imposição de vontades que prejudicam o relacionamento pais-filhos. Afinal as crianças sempre desejarão internamente que seus pais permaneçam juntos em seu lar.

Caso o luto ainda não tenha passado e a ferida esteja aberta, passos acelerados poderão se transformar em desavenças e mais problemas a serem resolvidos, além do risco de se levar os mesmos erros para o próximo relacionamento.

A paciência, aliada à esperança e confiança, ajudará cada um a superar seu luto no tempo certo. Como diz o escritor Ariano Suassuna, “Tudo passa”. Acreditar em algo maior e ter fé, fortalece muito a pessoa debilitada nesta fase. Agarrar-se a crenças e ter o apoio da família e amigos, além de buscar ajuda, se necessário, ajudarão nas decisões pessoais de transformar a fraqueza em fortaleza e a vida será agradável novamente.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.