Turistas são infectados por bicho-geográfico após irem à praia de Maresias em São Sebastião
Um grupo de mais de 10 estudantes foi infectado.
Stael Ferreira Pedrosa
O bicho-geográfico ou Larva migrans cutânea é um dos parasitas de pele que se alimentam do organismo humano. Estão presentes no intestino e nas fezes de cães e gatos presentes principalmente em areia. O contato da pele com a areia infectada causa a infecção que entra normalmente no organismo humano por meio de cortes ou feridas ainda que bem pequenas. No corpo, o parasita se movimenta e forma um caminho na pele, semelhante a um mapa. Por isso é chamado de “bicho-geográfico”.
E é por esse bichinho que um grupo de 10-12 turistas revela ter sido infectado em praia do litoral norte de São Paulo. Segundo eles, foi sobre a praia de Maresias, uma das mais famosas de São Sebastião, que recaiu a desconfiança de contaminação, pois foi onde estiveram juntos na última semana do ano.
Clara Letícia Ascensio foi a primeira turista do grupo a apresentar os sintomas. Segundo ela, no mesmo dia em que chegou de viagem já notou a pele inflamada e coçando muito. Dois dias depois ela percebeu o parasita na região dos pés.
O mesmo aconteceu com Amanda Araújo, que foi à praia com um grupo de 40 pessoas também no fim do ano. Após o retorno da viagem, começou a apresentar vermelhidão e coceira na pele e somente semana passada (quarta-feira, dia 10) é que ela percebeu a trilha do bicho nos pés. Já o namorado dela, apresentava bolhas na parte lateral do dedo pé, que foram se espalhando.
Quando então divulgaram os sintomas em um grupo do WhatsApp, mais de 10 pessoas também relataram estar infectadas com o “bicho-geográfico”.
Não é um problema recente
Já havia uma preocupação da Scientific American, tradicional revista científica mensal dos Estados Unidos, na época da copa de 2014, sobre as possíveis contaminações a que os turistas estariam sujeitos no Brasil, o que fez com que a revista publicasse um guia de doenças elaborado pela Universidade de Harvard como alerta aos turistas.
Segundo o guia, havia o relato de mais de 1.600 casos de pessoas que ficaram doentes após viajarem ao país entre 1997 e 2013 e a principal ameaça identificada para os estrangeiros que estariam viajando pelo país eram vermes que infectam a pele, especialmente a “larva migrans cutânea”, o bicho-geográfico.
Para evitar o problema, alerta Mary Wilson, especialista de saúde de Harvard que liderou o estudo, os turistas não devem andar descalços ou sentar-se diretamente nas areias das praias.
Na matéria trazida pelo G1, a Infectologista, Maria Ângela Santos, alerta que os primeiros sintomas são a elevação da pele, coceira e vermelhidão que podem não surgir de imediato, mas alguns dias depois do contágio. O tratamento é feito com medicamentos antiparasitários e com compressas de gelo, para imobilizar a larva e reduzir a sensação de coceira.
A prefeitura de São Sebastião disse que tem tomado ações preventivas através da limpeza diária das praias e proibição de animais. O descumprimento pode gerar multa de R$600 reais.
A Cetesb diz que monitora a qualidade das praias e que suas últimas análises sobre a contaminação da areia é embasada em dados de 2016, com indicadores normais. A previsão é de que os indicadores de 2017 sejam divulgados em março. Até lá, todo cuidado é pouco.