Você realmente o ama ou só não sabe viver sem ele?
O que é o verdadeiro amor e qual a diferença entre ele e a dependência emocional?
Michele Coronetti
A frase “não sei viver sem você” é extremamente romântica para muitos, entoada em várias músicas, lida nos melhores livros e falada aos sussurros nos melhores filmes de amor. Porém, uma dependência deste tamanho engloba alguns problemas na autoestima que podem ser trágicos.
Segundo este artigo, a dependência emocional existe quando a pessoa se anula e se entrega completamente ao outro, exigindo que seja recíproco. A entrega é tanta que a identidade da pessoa acaba sendo perdida, a frustração aparece porque ela percebe que o companheiro não faz o mesmo por ela e isso pode gerar outros sentimentos negativos.
Por isso a pessoa não sabe viver sem o outro, pois se realiza nele, podendo até viver a vida dele. E isso pode complicar como qualquer outra dependência química ou psicossocial. A pessoa acaba se magoando facilmente com qualquer comentário, não possui autoconfiança, tem medo de expressar os sentimentos e pode desenvolver depressão.
O amor patológico (em excesso), caracterizado pelo medo de não conseguir viver sem o parceiro, segundo um estudo realizado pela New York State Psychiatric, causa um estado de euforia semelhante a drogas altamente viciantes. Sentimentos muitas vezes nomeados de paixão intensa são na verdade prejudiciais, assim como as drogas que causam efeito entorpecedor por um tempo para depois tornar o indivíduo dependente e triste na sua ausência.
Fica fácil entender quando a pessoa amada se afasta. É claro que a falta será sentida se existir amor verdadeiro ou se for apenas medo de não conseguir viver sem ele. Se a vida prossegue normalmente, sem depressões ou perda de oportunidades pessoais, não há amor patológico. Mas se a pessoa para de viver, se entristece grandemente, não faz nem as coisas necessárias para a sobrevivência, com certeza há uma patologia e o problema será mais bem resolvido com ajuda profissional.
Uma outra coisa que acontece quando a pessoa não consegue viver sem ele é um enorme gasto de tempo e energia na tentativa de controle do parceiro, seja física ou através de pensamentos. Muitas vezes isso é tão sutil que nem parece que está sendo feito.
É claro que isso tudo pode mudar. Buscando ajuda, a pessoa conseguirá enxergar o que realmente está acontecendo. Ela pode curar sua baixa autoestima, conseguir tornar essa dependência em amor e prosseguir com seu parceiro a quem tanto se dedicou e a quem escolheu para ficar ao seu lado.
O amor verdadeiro ocorre quando existe um equilíbrio na entrega ao outro e na satisfação pessoal. A pessoa que ama a si própria em primeiro lugar não é egoísta, ela tem a base real para amar verdadeiramente. Sendo feliz consigo mesma ela terá condições de amar, sem exageros, sem exigências absurdas ou entrega desigual.
Este tipo de amor não tem prazo de validade. Ele cresce junto com o casal, cada um se realizando em seus feitos, através do apoio mútuo e demonstrações de carinho. Há muitos casais que conseguem manter o mesmo amor dos primeiros anos de casados por toda a vida, mesmo depois de estarem juntos por quarenta anos ou mais. Não é impossível. Ele realmente existe.