Você sabe o que é o segundo câncer? Quem está em risco?

Avanços na detecção precoce e no tratamento do câncer tem feito com que mais e mais pessoas sobrevivam à doença, porém muitas têm enfrentado um segundo câncer.

Stael Ferreira Pedrosa

Câncer é um tipo de doença em que as células se reproduzem de maneira descontrolada. Isso se dá devido a fatores que afetam os genes dentro das células. Os genes estão ligados ao DNA, o que controla o modo como as células funcionarão e se comportarão. Assim como o DNA afeta a cor dos cabelos, dos olhos, a altura etc., ele também traz em seus códigos os tipos de doenças que a pessoa está predisposta a desenvolver, tal como o câncer.

De acordo com a American Cancer Society, os avanços no tratamento dos episódios de câncer têm feito com que mais e mais pessoas sobrevivam e fiquem livre da doença. Especialmente aquelas em que o câncer é detectado precocemente. O problema é que o estilo de vida e os tratamentos muito invasivos podem afetar outros órgãos, causando efeitos colaterais inesperados, até mesmo um segundo câncer que não tem a ver com o primeiro.

Recidivas

É importante, de acordo com a ACS, que os pacientes tenham consciência da possibilidade de enfrentar uma recidiva, ou seja, que o câncer já tratado venha se manifestar novamente caso as condições iniciais persistam, ou seja, se os problemas que causarem o primeiro câncer não forem sanados. Isso se refere ao estilo de vida, hábitos, exposição a agentes cancerígenos etc.

No entanto, quando se fala em segundo câncer, este geralmente não é uma recidiva do primeiro e não está relacionado a ele, podendo inclusive surgir em outro órgão.

O segundo câncer e as causas 

Assim como a recidiva, o segundo câncer também está relacionado aos fatores que causaram o surgimento do primeiro, tais como como estilo de vida, consumo de tabaco, genética e histórico familiar, excesso de peso, uso de álcool, abandono do tratamento do primeiro câncer, metástase não detectada etc. Embora não se saiba o que exatamente causa o segundo câncer ou quem irá apresentar este quadro, há indícios de que o tipo de tratamento do primeiro câncer esteja ligado ao desenvolvimento do segundo, segundo a ACS.

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Radioterapia

O tratamento com radioterapia já foi reconhecido como causa potencial de câncer, principalmente Leucemia e Síndrome mielodisplásica, de acordo com o quão severo foi o tratamento, a idade do paciente, a dosagem de radiação e o quanto a medula óssea ficou exposta a esta.

Além destes, há estudos que demonstram a conexão entre a radioterapia e o surgimento de tumores sólidos, como o câncer de mama em pacientes expostas precocemente, tais como nos casos de câncer infantil, e diminuindo de acordo com a idade em que a paciente foi exposta. Mulheres expostas à radiação após os 40 anos apresentam baixo risco de segundo câncer por este tratamento. Também se incluem neste grupo de tumores sólidos os cânceres de pulmão, da tireoide, de estômago, fígado, pâncreas, colorretal e da tireoide – a radioterapia pode ser fator de surgimento destes.

Quimioterapia

A quimioterapia, embora seja o tratamento mais comum para o câncer, também tem sido associada (dependendo do medicamento utilizado) com a leucemia e a síndrome mielodisplásica, sendo um risco ainda maior para o surgimento dessas doenças que a radioterapia. De acordo com o Oncoguia, os fatores de risco são a alta dosagem de quimioterápicos, o tratamento prolongado e alta dosagem em curto período de tempo. Ainda de acordo com o órgão, os agentes quimioterápicos que apresentam um risco aumentado para o segundo câncer incluem:

  • Mecloretamina, clorambucil, ciclofosfamida, melfalano, lomustina, carmustina e busulfan
  • Cisplatina, Carboplatina
  • Etoposídeo ou VP-16, Teniposideo, Mitoxantrona

Se você já fez tratamento para o câncer e utilizou alguns destes quimioterápicos citados, ou foi tratado com radiação, não significa automaticamente que esteja em risco de desenvolver o segundo câncer, mas que existe tal possibilidade de acordo com os fatores de risco citados.

O que fazer caso já tenha tido câncer?

O melhor caminho a seguir é mudar os hábitos ou condições que tenham causado o câncer anterior, fazer o tratamento completo e consultar o seu oncologista periodicamente. Se há casos de câncer em sua família é importante fazer exames pelo menos uma vez por ano para rastreamento. Além disso, manter hábitos saudáveis e um bom estado geral de saúde com um estilo de vida fisicamente ativo, não fumar, manter um peso saudável, alimentação saudável com ênfase em vegetais e limite no uso de álcool.

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É importante, no processo, ser ativo mentalmente, cultivar a alegria e a espiritualidade, manter contato com a natureza, divertir-se e estar com entes queridos e amigos. Enfim, ter qualidade de vida.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.