Vovó Palmirinha abre o coração e conta que sofreu nas mãos de uma mãe e marido abusivos, e quase morreu em cirurgia por erro médico

Depois de uma história de vida tão sofrida, ela mal consegue acreditar que deu a volta por cima e conquistou tanto. Ao ler sua história, fica fácil entender por que foi tão abençoada.

Erika Strassburger

Palmirinha Onofre, conhecida também como Palmirinha ou vovó Palmirinha, no auge dos seus 86 anos esbanja simpatia e bom humor. Mas, quem vê essa senhora fofa e sorridente na TV, nem imagina o caminho triste e sofrido que percorreu até chegar onde está.

Em entrevistas à Vix e à Marília Gabriela, vovó Palmirinha relembra com emoção a sua trajetória. Conta como suportou violência doméstica de sua mãe e de seu marido, e como, por um milagre, sobreviveu a um erro médico grave.

“Tive uma juventude muito triste”

“Eu nasci na cozinha”, diz brincando ao Vix. Ela cresceu na fazenda rodeada pelas panelas e por mulheres da família que cozinhavam muito bem. Desde pequena, já mostrou interesse por cozinhar. “Com 5 anos, minha mãe colocava um banquinho para eu subir e mexer as panelas”, relembra.

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Pouco antes dos 7 anos, Palmira foi “adotada” por uma francesa, que a levou de Bauru (SP), cidade onde nasceu, para a capital. Ela queria que a menina fosse sua dama de companhia. Em troca, ela pagaria seus estudos e depositaria uma quantia mensalmente em uma conta poupança. Embora tenha sido muito bem cuidada e ensinada por essa senhora, ela nunca conseguiu resgatar esse dinheiro.

Aos 14 anos, depois da morte do pai, ela acabou voltando para casa. Foi aí que começou o seu sofrimento.

“Tive uma juventude muito triste. A minha mãe era uma mulher maravilhosa, mas grosseira com os filhos, principalmente comigo. Ela judiava”, contou à Vix. À Marília Gabriela, ela revelou o motivo para sua mãe sentir tanta raiva dela.

Ela acredita que, por ser fisicamente muito parecida com a mãe, o pai tinha um carinho especial por ela. Ele tratava bem todos os filhos, mas “tinha paixão por mim”, conta. E como sua mãe era uma pessoa muito dura, não aceitava carinho, o carinho que seu pai queria fazer na mãe, acabava fazendo nela. A mãe, então, descontava sua raiva na menina através de agressões físicas.

“Eu trabalhava muito para sustentar os meus irmãos, que eram pequenos, e quando chegava em casa à noite, minha mãe fechava a porta para eu não entrar. Fiquei até os 17 anos sofrendo”, relembra com os olhos marejados.

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“Ele foi um mau marido”

Depois de cerca de um ano e meio de namoro, Palmirinha se casou aos 19 anos para sair daquele ambiente de abuso em que vivia. “Eu queria sair de perto da minha mãe, queria sair de casa”. Mal sabia que enfrentaria agressões físicas e humilhações também do marido.

Seu casamento estava muito longe de ser feliz. “Ele foi um mau marido, era muito agressivo, violento”, relembra. Ela teve 3 filhas com ele, ficando casada durante 20 anos. Naquela época, segundo a ela, as mulheres que pediam divórcio ficavam malfaladas. “Eu tinha medo que isso afetasse o casamento das minhas filhas, então fui aguentando”.

Ela contou à Marília Gabriela que apanhou do marido até a época de sua filha do meio se casar. Palmirinha tinha em torno de 45 anos. Ela ia para o trabalho com o olho roxo ou a boca machucada, e tinha que inventar desculpas para disfarçar os abusos que sofria. Mas as pessoas sabiam a verdade, e muitas vezes diziam na frente de todos. “Eu me sentia muito humilhada”.

Descobrindo na culinária uma saída para driblar a crise

Para criar as filhas, Palmirinha trabalhava horas a fio em vários empregos ao mesmo tempo. Ela encaixotava peças de automóveis em uma loja e fazia faxina em salas comerciais no turno seguinte. Aos fins de semana, ela fazia quitutes para vender no bairro em que morava, a Vila Mariana.

Hora do almoço com a família!!! O que teremos no cardápio de hoje amiguinhas?

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Ela iniciou sua carreira na culinária fazendo e vendendo sonhos. Ela conta que, na época, suas três filhas estudavam na mesma escola, porém em turnos diferentes. Uma pela manhã, outra à tarde e outra à noite. Como tinha pouco dinheiro, ela comprou um único blusão do uniforme e as três usavam, cada uma em seu turno. Quando as três começaram a estudar no mesmo turno, Palmirinha não sabia o que fazer. “A diretora da escola me chamou e disse: ‘Palmira, a sua filha não entra amanhã se estiver sem o blusão do uniforme’, mas eu não tinha dinheiro para comprar”, conta.

Ela pegou um dinheiro emprestado para comprar os blusões e começou a fazer sonhos para vender, pois tinha que devolver o dinheiro dentro de um mês para não precisar pagar juros. Ela dirigiu-se até alguns salões de beleza e, para a sua surpresa, conseguiu vender os 30 sonhos que havia levado em apenas 10 minutos.

Palmirinha voltou rapidamente para casa, fritou mais uma porção e vendeu-a rapidamente. No dia seguinte, ela conseguiu devolver o dinheiro que pegou emprestado.

“Isso me deu vida”

Palmirinha viu que poderia ganhar mais dinheiro e começou a fazer outros tipos de doces e salgados. Entregava-os em um salão de beleza, a cabelereira vendia e lhe dava o dinheiro. Quando buscava o dinheiro, ela reservava uma parte para comprar mais ingredientes para novas fornadas. “E foi assim que começou”, conta.

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Erro médico

Segundo a Wix, na década de 80, por conta de um câncer severo no útero, Palmirinha precisou ser operada. Não bastasse a gravidade da doença, ela foi vítima de um erro médico. “Fui desenganada pelos médicos. Fiquei um ano entre a vida e a morte. Costuraram o meu ureter, fiquei 45 dias internada, entrando e saindo do hospital. Um dia antes de eu fazer outra cirurgia de muito risco, eu finalmente consegui fazer xixi e não precisei operar de novo. Foi um milagre”, conta.

Sua jornada televisiva

Ela ingressou na TV fazendo quadros semanais de culinária em programas de variedades, em troca da divulgação de seu trabalho. Na Record, ela participou do programa em que a Ana Maria Braga era apresentadora. “Eu não ganhava nada, era só propaganda do meu trabalho. Por seis anos, eu ia toda segunda-feira preparar o café da manhã no programa. Quem me batizou de Palmirinha foi a Ana Maria, porque eu a chamava de Aninha, e ficou”, relembra.

Essa exposição abriu-lhe muitas portas e Palmirinha começou a deslanchar profissionalmente. Tornou-se nacionalmente conhecida, o que lhe rendeu muitas viagens para ministrar cursos de culinária, passou a trabalhar e prestar serviço para grandes empresas e fazer vários outros trabalhos.

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Amiguinhas, minha nova revista já está nas bancas!! Muitas receitinhas de tortas daqui ó! Não percam!????

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Depois de alguns anos fazendo participações nesses programas, ela conquistou seu espaço, tornando-se apresentadora de seus próprios programas de culinária. Sua jornada televisiva incluiu as emissoras, Rede Record, TV Gazeta e Fox Life. Ela trabalhou como apresentadora na TV Gazeta por 11 anos, e mais 3 anos na Fox Life.

Outras participações

Palmirinha participou do quadro Lata Velha, do Caldeirão do Huck, fez aparição no CQC, da Band, no quadro Táxi do Gugu; foi entrevistada por Jô Soares e Marília Gabriela, entre outros.

O dom de perdoar

Depois de tudo que Palmirinha sofreu nas mãos da mãe e do marido, ela revela algo surpreendente: ela perdoou os dois, e ainda cuidou deles até seus últimos dias.

E Deus retribuiu-lhe tanta generosidade. “Até hoje eu não acredito, não me entra na cabeça que eu sou famosa. Eu venci. Me dei para o mundo e ele me retribuiu”, finaliza.

Que frio, amiguinhas! Quem consegue levantar da cama desse jeito?

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.