5 razões pelas quais um divórcio é justificado perante Deus

Uma mulher (ou marido) não irá perder a salvação se sair de um relacionamento tóxico em que se comete esses 5 abusos, principalmente quando o cônjuge abusivo NÃO QUER MUDAR.

Erika Strassburger

Meu desejo maior é que os casais que estão enfrentando problemas em sua relação resolvam suas diferenças e sejam muito felizes juntos. Mas, infelizmente, nem todos os casos são facilmente solucionáveis.

Volta e meia, recebo mensagens de leitores que estão enfrentando problemas conjugais graves. Minha atitude é sempre ajudá-los a identificar o problema, sugerir meios de tratar as “feridas” e resgatar o amor. Há situações, porém, que exigem ações emergenciais. Muitos precisam tomar coragem para sair o mais rápido possível da relação tóxica em que estão.

Ainda que haja homens vítimas em um relacionamento abusivo, as maiores vítimas ainda são as mulheres, que, muitas vezes, não têm coragem de pedir o divórcio, geralmente por medo da solidão, de ficarem financeiramente desamparadas, de verem o sofrimento dos filhos, ou até mesmo de serem mortas pelos maridos – uma leitora me confidenciou que temia por sua vida, porque o marido já havia feito ameaças caso ela voltasse a tocar no assunto.

Como grande parte de nossos leitores são cristãos, achei necessário abordar o tema sob uma perspectiva cristã, porque muitas pessoas (principalmente mulheres) pensam que se tentarem sair de um relacionamento abusivo por meio do divórcio, vão acabar perdendo sua salvação. Quando escrevo sobre o tema, sempre surgem cristãos defendendo que a única justificativa aceitável para o divórcio é o adultério.

Minha intenção, ao escrever este artigo, é fazer com que muitos deles entendam que o adultério não é a única razão justa. Há outras razões para uma mulher ou marido pedir o divórcio sem que isso seja uma violação dos votos sagrados feitos perante Deus. Abaixo estão as cinco que considero principais:

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1. Violências física, moral, psicológica, sexual e patrimonial

Qualquer forma de violência doméstica é considerada crime no Brasil, segundo Lei Maria da Penha. Deus condena-as da mesma forma. Ele disse: “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” ( 1 João 4:8) e “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” (Efésios 5:28) “E a mulher deve amar ao marido” (Efésios 5:33).

Um homem só amará sua esposa (e vice-versa) segundo estes mandamentos, se abstiver-se de qualquer ato violento. Pois se não o fizer, estará infringindo esta lei divina, e, consequentemente, não é digno do cônjuge com o qual se casou.

2. Ociosidade

O Senhor disse a Adão: “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3:19). E Paulo censurou alguns membros da Igreja em Tessalônica: “Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.” (2 Tessalonicenses 3:11-12)

Se o próprio Senhor ordenou que o homem trabalhasse, e inspirou seu Apóstolo a dar a mesma instrução, então não há desculpas para o marido não querer trabalhar para prover o sustento de sua família. Se ele não o fizer, estará sendo negligente e colocando o bem-estar de sua família em risco.

Lembrando que a família de um homem é sua mordomia, isto é, sua responsabilidade. Veja o que acontece com quem não honra sua responsabilidade: “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mateus 25:30) Obviamente, o Senhor não exigiria de uma mulher que permanecesse em um casamento em que, devido à negligência do seu provedor principal, ela e seus filhos passassem necessidade.

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3. Criminalidade

O Senhor também não exige que uma pessoa permaneça em um casamento em que o cônjuge esteja envolvido em crimes como roubo, tráfico de drogas, extorsão, homicídio, entre outros. Nenhum cristão honesto irá querer ser conivente com qualquer crime, coisa que o Senhor condena. Entretanto, se houver arrependimento sincero, o que inclui o completo abandono do pecado, e a devida confissão e reparação, fica a critério do marido ou da mulher permanecer ou não no casamento.

4. Vícios

Um cônjuge viciado em drogas, álcool, pornografia, sexo ou qualquer outro vício que gera prejuízo a si próprio e à sua família – e que não esteja disposto a lutar para se livrar de tal hábito – não pode pensar que seu cônjuge e filhos tenham obrigação de aturar tal situação.

Lemos em Tiago 2:12: “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”. E Pedro disse: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8). O Senhor jamais ordenaria a uma pessoa que se mantivesse casada com um cônjuge que lhe trouxesse prejuízos emocionais, financeiros e físicos por conta de seus vícios, deixando-se, dessa forma, tragar pelo adversário.

5. Adultério

O Senhor foi enfático: “Não adulterarás” (Êxodo 20:14). O adultério é tão grave aos olhos de Deus, que era um dos poucos motivos pelos quais uma pessoa era condenada à morte no Velho Testamento. Foi escrito aos hebreus: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.” (Hebreus 13:4), e aos efésios, “Porque… nenhum devasso, ou impuro… tem herança no reino de Cristo e de Deus.” (Efésios 5:5).

Que pessoa conseguirá conviver com um cônjuge devasso, traidor? Que bom cristão terá prazer em viver ao lado de alguém que está trocando o amor de sua família, sua salvação por prazeres mundanos? Para zelar pelo bem-estar de Seus filhos, Deus permitiu que tudo que fosse desligado na terra, fosse também desligado nos céus (Mateus 16:19). Isto é, um casamento celebrado por quem tem autoridade para casar na terra, pode ser cancelado pelo mesmo poder. Tal cancelamento é aceito por Deus.

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Na maioria dos casos citados, um sincero e completo arrependimento, o que inclui o total abandono da prática, pode impedir que um divórcio aconteça. Tudo depende do comprometimento do cônjuge abusivo em mudar, da profundidade das “lesões” sofridas pela vítima da relação e da sua capacidade para superar os traumas e continuar casada.

Casos extremos

É imperativo jamais perder de vista que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16), e que o que Deus uniu, o homem não deve separar (Marcos 10:9). Mas devido ao comportamento abusivo de alguns, ressalvas são necessárias. Ainda assim, deve-se pensar em divórcio somente em casos extremos, sendo o principal deles a falta de vontade de mudar.

Em minha opinião, em vez de procurar na Bíblia versículos que falam diretamente sobre divórcio, é muito mais produtivo tentar entender o que Deus pensa sobre esses comportamentos abusivos, que fazem cônjuges e filhos chorarem de medo, vergonha e tristeza.

Infelizmente, nem todos permanecem à altura de sua condição de filho de Deus, mas fazem do lar e da vida familiar um inferno, em vez de um pedacinho do céu. E quem neste mundo se casa esperando passar por isso, não é? Graças à bondade e misericórdia de Deus não temos obrigação de ficar para sempre ao lado de quem quer o nosso mal.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.