4 verdades que muitos cristãos precisam saber para cessarem as INJUSTIÇAS contra os divorciados
Por causa dessa visão distorcida, muitas pessoas morrem aos poucos em casamentos abusivos ou vivem anos a fio carregando uma culpa que não é sua!
Erika Strassburger
Uma parcela significativa dos cristãos só aceita o divórcio em caso de abandono e adultério (alguns deles, nem nestes casos). Para esses grupos, o divórcio por outros motivos tão ou mais graves, levam à perda da salvação. Esse é um assunto polêmico, mas necessário de ser abordado, pois muitos divorciados necessitam saber como está sua situação perante Deus, e outros querem saber o que aconteceria se saíssem do inferno em que vivem.
Seu casamento vai bem? Que ótimo! Infelizmente, nem todos são assim!
É muito fácil se posicionar radicalmente contra o divórcio quando a pessoa tem um cônjuge esforçado que, apesar das dificuldades, luta lado a lado com ela para superá-las. Ou mesmo um cônjuge desleixado com as coisas de Deus, mas é um bom marido ou mulher. Essas pessoas não estão apanhando do cônjuge, não são mulheres que passam fome com os filhos porque o marido não quer trabalhar, não estão sendo chamadas de nomes feios nem sendo tratadas como lixo. Elas não precisam ficar acordadas a noite toda esperando o marido chegar bêbado em casa para quebrar as coisas que ela comprou com tanto sacrifício. Os filhos delas não precisam ter vergonha dos amiguinhos por ter um pai violento e pela gritaria dentro de casa todos os dias.
Ao defender que os cristãos têm obrigação de “aguentar no osso” os abusos que sofrem no casamento até serem traídos, abandonados ou ficarem viúvos, está sendo dito, indiretamente, que as vítimas de abuso que pedem divórcio estão em pior situação perante Deus do que seus abusadores.
Será, mesmo, que Deus seria mais misericordioso com o abusador do que com a vítima que quer sair de uma situação de risco?
Por causa de pensamentos como este, muitas pessoas, principalmente mulheres, definham lentamente nas mãos de quem deveria amá-las e protegê-las. E algumas das que criam coragem para sair de um relacionamento abusivo acabam carregando, desnecessariamente, um fardo pesado de culpa pelo resto da vida.
Embora condene o divórcio quando há meios de salvar o casamento, Deus não é um carrasco para preferir ver seus filhos deprimidos e amedrontados por sofrerem nas mãos de um cônjuge tirano, infiel, manipulador e negligente, a vê-los divorciados. Ele, acima de tudo, defende o que é correto e justo. Quem duvida disso, precisa conhecer melhor o Deus que professa seguir. “Deus é amor” (1 João 4:16).
Duas justificativas que são bastante usadas acabam transferindo a culpa do abusador para a vítima:
“Seu casamento não deu certo porque você escolheu mal. Portanto, está apenas colhendo o que plantou. Deveria ter escolhido melhor. Agora, precisa conviver com isso até a morte.”
“Em vez de se divorciar, você deveria continuar em oração e jejum por seu cônjuge. Optar pelo divórcio é colocar em dúvida o poder de Deus para restaurar um casamento”.
Mas, há quatro verdades que estão sendo ignoradas:
1. As pessoas podem mudar
Temos apenas controle sobre o que nós mesmos fazemos, jamais sobre o outro. As pessoas podem mudar, tanto para melhor quanto para pior.
Imagine-se na seguinte situação: no início seu cônjuge era amoroso, fiel a você e fiel a Deus. Mas algo aconteceu e ele virou a cabeça. Que culpa você tem de ter se casado com alguém que decidiu mudar?
Será que você é culpado por não ter orado o suficiente para seu cônjuge voltar a ser o que era antes? De jeito nenhum! Você jamais deve aceitar ser responsabilizado por qualquer coisa que fuja da sua alçada. Cada um é responsável pelos próprios atos.
Será que você se tornou uma pessoa insuportável, por isso ele mudou? Neste caso, você precisa se esforçar para melhorar, senão será tanto quanto responsável perante Deus pela destruição da sua família. Mesmo assim, isso não lhe dá direito de agredir você. Ele precisa exercer autocontrole, precisa saber que nada justifica uma reação violenta. Mas se você se tornou uma pessoa totalmente difícil de conviver – e não quer mudar – é ele quem tem o direito de sair desse casamento, e não de usar de coação com meio de tentar corrigir você.
2. As pessoas tentam parecer bem melhor ou diferente do que são quando querem conquistar alguém
Quem nunca tentou parecer uma pessoa bem melhor na presença de quem gosta? Ou se esforçou honestamente para melhorar por causa de alguém. Isto é sinal de que a pessoa por quem se apaixonou o inspira a realizar boas coisas e a se tornar alguém melhor.
Mas, infelizmente, algumas dessas pessoas simplesmente desistem de perseverar, cansam de lutar contra suas fraquezas e se afastam de Deus. E acabam dando vazão aos seus piores sentimentos.
Há pessoas com temperamento rebelde e agressivo. Se com a ajuda do Senhor já é difícil lutar contra as suas fraquezas, imagina sem Ele. Então, como permanecer ao lado de um cônjuge agressivo que cansou de lutar contra sua tendência de cometer abusos? E, pior de tudo, se afastou daquele que mais poderia ajudá-lo – o Senhor?
Há casos, também, de cristãos (homens e mulheres) com tendências homoafetivas que se casaram com alguém do sexo oposto para ver no que iria dar, ou por ser um mandamento, ou apenas para satisfazer as expectativas da família e do povo da igreja. Eles podem até ter se esforçado para amar o cônjuge, mas acabam desistindo de lutar contra seus instintos e fraquezas. Será que a pessoa é obrigada a manter um vínculo com ele até a morte?
3. Algumas pessoas usam máscaras
Infelizmente, qualquer um de nós pode ser vítima de uma pessoa dissimulada ou, mesmo, com um transtorno de personalidade, como a psicopatia. Ela faz de tudo para conquistá-lo. E com esse propósito, tenta convencê-lo de que é uma pessoa maravilhosa, corretíssima. Ela é expert em fingir. E você, como um bom cristão que é, acredita nela. Você pode até sentir-se estranho algumas vezes, mas teme julgá-la injustamente. A pessoa preenche todos os requisitos que você procura. E quando descobre quem ela realmente é, é tarde demais, já estão casados.
4. Deus não viola o arbítrio de ninguém – a pessoa apenas muda se desejar
Confio plenamente no poder de Deus! Sei que milagres acontecem quando oramos, jejuamos e trabalhamos com afinco para melhorar o casamento. Mas existe uma lei nos céus e na terra, desde o princípio, instituída pelo próprio Senhor: o arbítrio do homem não pode ser violado, nem mesmo por Deus. Então, Ele até pode interferir de alguma forma, colocando obstáculos no caminho daquela pessoa para ver se ela acorda para o mal que está cometendo, mas jamais a forçará a mudar.
Portanto, a mudança do cônjuge não depende de quanta fé seu marido e mulher exerce em seu favor. É uma decisão pessoal. E muitos decidem não melhorar.
É preciso ter empatia
Amigos, sejamos mais empáticos com aqueles que estão sofrendo em um relacionamento abusivo! Se o casamento de vocês anda às mil maravilhas, que ótimo! Quem dera todos fossem assim! Mas dentro de muitos lares cristãos há cônjuges e filhos que molham seus travesseiros à noite rogando a Deus para dar um fim a seu sofrimento. Eles apenas precisam saber que Deus chora com eles e quer que eles saibam que SIM, eles podem sair da situação terrível em que estão vivendo sem se sentirem culpados. Se eles já fizeram tudo que estava ao seu alcance e nada mudou, eles estão livres para seguir sua vida, longe dessa pessoa cruel que está lhe causando tanta dor!
O mundo dá tantas voltas! Muitos que atiram pedra e não mostram compaixão para com os que sofrem hoje, são fortes candidatos a passarem por isso amanhã. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mateus 5:7).
Nota importante!
Percebam que em nenhum momento está sendo afirmado que Deus aprova divórcio por qualquer motivo, como incompatibilidade de gênios, ou afastamento um do outro, ou enfraquecimento do amor, principalmente quando há crianças envolvidas. Coisas assim podem ser resolvidas com uma boa dose de esforço mútuo. Mas apenas circunstâncias graves, principalmente depois de ter-se esgotado todos os meios de remediá-lo.
A melhor saída para um casamento em declínio não é o divórcio, mas o arrependimento
Mas os esforços só surtem efeito quando AMBOS se empenham em resgatá-lo.
Mesmo em casos sérios, cabe apenas à vítima decidir – depois de ponderar muito, orar, jejuar, e se aconselhar com sua família e seus líderes eclesiásticos – se continua no casamento ou não. Se sentir que ainda não lutou o bastante, ela deve seguir seu coração e continuar lutando. Isso é apenas entre ela e Deus.
Mas, a mensagem principal desse artigo é que pessoa nenhuma deve se sentir culpada pelos abusos que sofre e por seu cônjuge não querer mudar. Se ela estiver sendo honesta em suas alegações de abuso (Deus conhece o seu coração), Ele jamais irá culpá-la por querer desistir desse casamento que tem sido (provavelmente há bastante tempo) um inferno para ela e seus filhos. Ele jamais irá privá-la de receber a recompensa eterna reservada aos justos.