Como o conceito de ‘pessoas traiçoeiras’ salvou meus meninos

Esta regra de segurança da família salvou meus meninos e poderá salvar seus filhos também.

Jodie Norton

Um relato rápido do que ocorreu nos bastidores. Na verdade, sou incapaz de resumir qualquer coisa para que possa ser considerado “rápido”, mas vou tentar. Fui tomar banho em torno das 8:30 da manhã, quando senti como se tivesse sido baleada no ovário esquerdo. Por essa você não esperava, não é? Em suma, era uma dor insuportável que me fez contorcer-me, sentir tontura e náuseas. Com a ajuda de alguns anjos invisíveis, de fato, de alguma forma vesti roupas suficientes para ficar decente, e dirigi com meus quatro filhos por cinco minutos até o pronto-socorro de nossa pequena cidade. (Depois que tudo passou, percebi o quão tola fui para ter dirigido com aquela dor intensa… Se eu fosse mais esperta, teria chamado uma ambulância!).

Em um momento que considero o pico do nevoeiro cerebral, deixei meus dois meninos mais velhos, CJ (de 10 anos) e T-Dawg (de 8 anos) em um banco do lado de fora do pronto-socorro, para esperarem por nosso amável vizinho que disse estar vindo buscá-los para os levar para a escola (graças a meus pais, que conseguiram tudo isso enquanto eu dirigia para a emergência). Meus dois filhos mais novos e eu entramos para ver se conseguíamos descobrir o que estava causando a dor. Alerta de spoiler: ruptura de um cisto do ovário. Realmente divertido.

Foi somente às 3:30 da tarde, quando meus filhos chegaram em casa da escola, que eu descobri que eles tinham ido muuuuito atrasados para a escola. Eu tinha presumido, erroneamente, que meu vizinho estava vindo de sua casa (não de um lugar mais longe), então, meus dois meninos ficaram sentados do lado de fora, na frente do pronto-socorro, durante 40 minutos. Não os 5 minutos que eu imaginava.

A história deles do que ocorreu enquanto eu, estupidamente, os deixara lá, sozinhos, me deixou maluca e grata ao mesmo tempo

Naqueles 40 minutos sentados e esperando, obedientes, meus filhos experimentaram sua primeira experiência no mundo real com os assustadores e pervertidos estranhos, sobre quem foram alertados periodicamente.

Enquanto estavam naquele banco, eles foram abordados por uma mulher e dois homens punks (todos adultos) que perguntaram se eles “os ajudariam indo ao banheiro onde o namorado dela estava se escondendo do médico, para ver se eles conseguiriam convencê-lo a sair e ser tratado.” Sim, estou falando sério, é o que eles disseram. Mesmo depois de CJ responder “Não, obrigado”, eles continuaram insistindo.

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“Por favor, vocês poderiam realmente salvar a vida dele se somente entrassem naquele banheiro e dissessem que é seguro para ele sair”.

CJ disse que respondeu aos três pedidos de ajuda com um “não, obrigado” (cada vez mais forte) até que eles finalmente desistiram. Pouco depois, o vizinho apareceu e eles pularam para dentro do carro, mas, não antes de verem um terceiro homem adulto sair do banheiro, entrar no carro com esses outros três vândalos e arrancar.

Fiquei de boca aberta durante todo o tempo em que relataram o ocorrido.

Minha raiva e choque se transformaram em imensa gratidão, contudo, quando ouvi CJ falar de uma “regra de segurança” da família, sobre a qual havíamos falado muito tempo atrás, que o ajudou a saber que esses cretinos estavam tramando algo ruim. Mais especificamente, uma dica para identificar uma “pessoa traiçoeira”.

CJ: “Mãe, eu sabia que eles eram pessoas traiçoeiras, porque estavam nos pedindo ajuda. Os adultos não pedem ajuda a crianças.”

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Você já ouviu falar do conceito “pessoas traiçoeiras”?

Pessoas traiçoeiras são os novos estranhos. Pattie Fitzgerald, a criadora do Safely Ever After, onde o conceito de “pessoas traiçoeiras” se originou, diz: “Pare de dizer aos seus filhos para não conversar com estranhos. Eles podem precisar conversar com um estranho um dia. Em vez disso, ensine-os com que tipo de estranhos estão seguros.”

Uma das suas diretrizes para saber que pessoas são inseguras é a regra que CJ se lembrou em tempo de necessidade – as pessoas traiçoeiras pedem ajuda às crianças.

Se um adulto seguro [isto é, que não oferece perigo] precisar de ajuda, ele vai pedir a outro adulto. Não a uma criança.

Pattie inclui muitas outras dicas e regras para se manter seguro em seu guia “dicas de prevenção”, em seu site Safely Ever After. Este site também faz um ótimo trabalho de recapitulação de suas informações vitais.

Realizem reuniões familiares em que vocês conversam e fazem encenações sobre esses conceitos periodicamente

Esta experiência me deixou grata por termos falado sobre isso no passado, mas, mais ainda, por ter me dado determinação para continuar analisando essas “regras de segurança”.

No final das contas, a frase “conhecimento é poder”, sem dúvida, se aplica à segurança de nossos filhos. Sabemos que nem sempre estaremos fisicamente presentes para protegê-los de tudo. Tenho certeza de que você perde o sono pensando nisso, assim como eu. Mas, podemos capacitá-los e transmitir-lhes segurança, ensinando-lhes o que eles podem fazer nesses tipos de situações.

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Sei que a nossa próxima reunião familiar envolverá CJ ensinando a seus irmãos como identificar pessoas traiçoeiras, e nós, adicionando informações para preencher as lacunas que identificamos em nosso ensino depois dessa experiência. Como, por exemplo, não há necessidade de ser educado com um adulto que está fazendo você se sentir desconfortável. Obrigada, Texas, por ensinar a meus meninos a sua hospitalidade do Sul, mas, neste caso, os adultos estão causando incômodo a eles ou estão pedindo que quebrem suas regras de segurança, um “não, obrigado” é desnecessário.

Ufa! Compartilhei toda essa experiência com vocês para que pudessem aprender com ela, assim como nós aprendemos. Caso você ainda não tenha feito, reserve o tempo necessário para estabelecer suas próprias regras de segurança familiares. Se elas já estão em vigor na sua família, revisem-nas. E não se esqueça do conceito “pessoa traiçoeira”, porque, sejamos realistas, nossos filhos estão crescendo em um mundo repleto de pessoas como essas.

Este artigo foi originalmente publicado em Time Well Spent. Foi traduzido, adaptado e publicado aqui com permissão.

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