Imagine ver no supermercado uma criança de dois anos dando uma birra e dois homens em pé parados olhando para ela tranquilos e sorridentes sem fazerem nada. Foi o que o ator Justin Baldoni e seu pai fizeram com a filha e neta de ambos.
Maya, a filha de Justin, estava dando uma birra no supermercado e o pai agiu da forma que seu próprio pai agira com ele quando criança. Segundo o ator, as pessoas que viram a cena talvez pudessem pensar que tal atitude não fosse o ideal. Em suas palavras, ele descreveu em sua página do Facebook a cena passada no supermercado:
“Dois homens, de pé juntos em silêncio, unidos por um amor incondicional tanto um pelo outro quanto por aquela nova e pura alma por quem os dois iriam até os confins da terra, e eu apenas posso imaginar quantas vezes meu pai passou por isso quando eu tinha essa idade. Isso me ensinou muito sobre o significado de ser um homem. Mas a postagem de hoje é apenas sobre uma única coisa: estar confortável diante do inconfortável.”
I tried to stay off social media yesterday to connect with my family without distraction so I’m posting this today….
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Justin sabe que não existem pais perfeitos, mas que as atitudes de seu pai para com ele na infância foram fundamentais para seu próprio desenvolvimento emocional e é algo que ele quer repetir com a filha. Ele conta que seu pai sempre o deixou expressar seus sentimentos ainda que fosse em público e fosse algo embaraçoso sem jamais dizer: “Você está me envergonhando” ou “não chore!”.
O ator continua sua postagem dizendo que nossos filhos estão em uma época em que as informações excessivas podem ser difíceis para as crianças processarem e lidarem com os novos sentimentos que surgem. Ele diz “tento me lembrar sempre de certificar-me de que minha filha saiba que ela pode se deixar sentir o que quiser de maneira profunda. Que ela saiba que suas birras na mercearia ou seus gritos no avião não são embaraçosos para mim. Eu sou pai dela, não dos outros.”
Embora seja difícil agir como o ator agiu nesse momento, afinal cada pai e mãe tem seu estilo próprio de criar e ensinar princípios a seus filhos, Justin acredita que quando permitimos a nossos filhos expressar sua raiva e chorar quando sentem necessidade, isso abre espaço para sentir também mais alegria e felicidade. E isso é exatamente o que o mundo precisa, e na opinião dele é uma atitude que devemos ter para conosco mesmos.
Esteja Justin certo ou não, fato é que o mundo precisa de mais compaixão e empatia. Quando agimos assim com nossos filhos, a tendência é que eles também desenvolvam esse tipo de sentimentos, assim como o pai de Justin fez e agora Justin repete com sua filha, que certamente repetirá com seus próprios filhos um dia, numa corrente do bem que permanecerá. Não seria talvez uma maneira de tornar o mundo melhor começando dentro de nossos próprios lares? É difícil, mas parece compensador.
Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.