Estudo explica por que o elogio ‘você é lindo’ faz mais mal do que bem
Segundo estudos, o elogio não dito de forma correta pode gerar mais mal do que bem.
Roberta Preto
De acordo com a psicóloga americana Carol Dweck, da Universidade Stanford, um estudo coordenado por ela com 400 alunos de uma escola de Nova York apontou que uma criança que é reconhecida como inteligente tende a sentir um fardo pesado sobre seus ombros pequenos para corresponder às expectativas dos pais. Em alguns casos, isso pode vir de maneira positiva e fará a criança estudar mais para alcançar boas notas. Entretanto, há muitos casos em que isso vem de uma forma muito negativa, fazendo com que a criança seja estimulada a usar truques para se destacar.
A psicóloga realizou muitos testes com esses alunos, dentre eles foram feitos 4 testes. A primeira turma da 5ª série realizou um teste de QI, uma prova tranquila para alunos da sua idade. Terminando o teste, os pesquisadores davam as notas aos alunos, e concluíam a conversa com um elogio. Metade dos estudantes ouviram: “Você deve ser muito inteligente”. Para a outra metade, o discurso era diferente – não parabenizava a criança diretamente, mas sim sua atitude: “Você deve ter se esforçado muito para conseguir esse resultado”. A intenção da psicóloga e sua equipe foi dividir os alunos em dois grupos – “os inteligentes” e os “esforçados”- para ver como essa diferenciação teria impacto no comportamento dos estudantes.
O segundo teste permitiu que os dois grupos escolhessem se desejavam fazer um teste simples, ou um mais complicado, que “permitiria que eles aprendessem muitas coisas novas”.
O grupo dos corajosos optou pelo mais complicado, eles demonstraram ter muita coragem, enquanto que o grupo dos inteligentes recuaram e pediram o mais fácil. Depois veio o terceiro teste, esse foi mais complexo que os outros e ambos os grupos foram mal. Porém, observou-se que o grupo dos esforçados foram os que mais se dedicaram à resolução da prova. Enquanto que o grupo dos inteligentes se deixaram afetar pelo nervosismo não conseguindo terminar a prova.
Então, aplicou-se o quarto teste que surpreendeu a muitos, esse era tão fácil quanto tinha sido o 1º teste e o grupo dos esforçados obteve o melhor desempenho. A nota deles aumentou em 30%, enquanto que o grupo dos inteligentes regrediram em 20%.
Para a psicóloga Carol, o elogio deve ser direcionado para o processo, e não para o resultado. “Sempre para as ações, nunca para a pessoa”.
Pessoas frustradas
Os elogios tendem a tornarem-se excelentes motivadores para o desenvolvimento pessoal ou eles também podem tornar-se os grandes vilões na vida de muitas pessoas se não forem ditos com sabedoria. Isso costuma iniciar na infância e refletir de forma positiva ou negativa na vida adulta.
Um exemplo de frustração pode ser encontrado numa criança que é elogiada constantemente por sua inteligência. Ela pode acreditar que precisa ser inteligente o tempo todo, porque isso é o que os seus pais e as pessoas a sua volta enxergam nela. Assim, ela pode sufocar-se nesse pensamento e até culpar-se, quando ela não conseguir suprir com as expectativas que as pessoas têm dela, como tirar a melhor nota, isso tende a fazer dela uma criança triste e frustrada.
Pessoas inseguras
Segundo estudos, o elogio é uma ferramenta poderosa para motivar ou desmotivar não apenas crianças, como adultos também. Para os pesquisadores, a forma como se utiliza o elogio é que deve ser ponderada, porque elogiar não é um problema, mas não usá-lo do jeito certo tende a causar sérios danos. Então, é melhor elogiar os esforços de alguém durante o processo, essa é a maneira correta de incentivar do que elogiar a beleza ou inteligência por si só, explica Eddie Brummelman, professor visitante da Universidade do Estado de Ohio (EUA).
Lamentavelmente, muitos pais podem conduzir os filhos para uma vida de tristeza, se usarem os elogios como meios de persuadir os filhos a viverem os sonhos dos pais. Ou mesmo, a tornarem-se o que os pais são diante da sociedade, massacrando as virtudes e sonhos dos filhos.
“Pessoas perfeitas”
Um exemplo claro encontra-se na filha da mais conhecida Barbie humana, Sara Burge, ela presenteou sua filha Poppy, de 7 anos, com um voucher de R$ 17 mil para uma futura lipoaspiração. A menina também já havia sido presenteada pela mãe com vale-silicone de R$ 14,5 mil. A mãe respondeu em entrevistas que esses presentes são um investimento para o futuro da filha: “Ela pedia a cirurgia a toda hora, porque quer ficar bonita”. E a menina disse: “Eu mal posso esperar para ser como a mamãe, com grandes seios. Eles são lindos”.
Os pais precisam cuidar para não exigir dos filhos perfeição, mas sim potencial. Cabe aos pais a responsabilidade de proteger, ajudar, corrigir, ensinar e incentivar os filhos por meio do amor e da bondade, ajudando-os principalmente a se aceitarem como são e a desenvolverem o seu melhor.