Seu filho adolescente e a pressão dos colegas
A pressão dos colegas não será grande influência para o adolescente capaz de saber o que quer para si mesmo.
Michele Coronetti
Para os adolescentes, a convivência mais importante são os amigos. Eles farão de tudo só para agradar ao grupo a que pertencem. Isso incluirá escolhas que desagradam aos pais, decisões impensadas que poderão prejudicar terceiros e até autodestruição. Afinal, são adolescentes, vidaloka como eles mesmos se intitulam.
Como mãe de alguns adolescentes posso afirmar que nem sempre eles escolherão a pressão dos colegas. Especialmente no que se refere a escolhas sem futuro. Mas para que, mesmo nesta fase transitória de maturidade em formação, as decisões não afetem negativamente seu presente e futuro, algumas coisas devem ter acontecido e ocorrer rotineiramente no lar.
Ensinamentos constantes
Quando princípios são ensinados desde a mais terna infância no ambiente familiar fica muito mais fácil para os filhos reconhecerem uma má escolha que os colegas fazem e desejam que ele participe. Tradições, religião, bons costumes, tudo isso que é passado dia a dia durante o crescimento da criança enraíza, ele sabe que este é o jeito certo e que se aceitar uma má escolha será para contrariar seu conhecimento.
Leia: 4 dicas para ensinar ética aos filhos
Caráter dos pais
De nada adianta pais ensinarem princípios se não os cumprem. Eles são a figura exemplar para as crianças, que farão o que os pais fazem mesmo sem perceber. Se os pais são uma pessoa em casa e outra fora, eles agirão da mesma forma.
Amor e segurança
Crianças precisam sentir-se amadas. Os adolescentes também, apesar de demonstrarem aversão pelas expressões de afeto. Quando eles sabem que seus pais os amam, sentem-se seguros. Esses sentimentos são fundamentais para que eles saibam que não precisam fazer o que os colegas desejam que eles façam apenas para permanecer no grupo.
Autoestima
Totalmente ligado ao item anterior, adolescentes que têm boa autoestima são mais propensos a negar qualquer atividade irregular. Eles sabem o que querem e sabem que aceitar algo ruim não aumentará seu amor-próprio, pelo contrário, eles se sentirão arrasados com a própria atitude. Dirão abertamente aos amigos que não farão, e se a insistência for grande, sairão de perto. A família tem papel fundamental na construção da autoestima. Pais que incentivam ao invés de criticar, que ensinam ao invés de punir e que elogiam sinceramente seus filhos são mais assertivos neste quesito. Os irmãos não devem praticar o crime do bullying entre si, preservando assim a autoestima de cada um.
Leia: Como incentivar a autoestima nos filhos
Decisões predeterminadas
Fica muito mais fácil dizer não por já ter sido decidido no passado do que ouvir os argumentos dos colegas e acabar sendo convencido para realizar uma prática ruim. Pais podem ajudar aqui também, simulando situações e ajudando o filho a visualizar sem a pressão do grupo o que realmente acontecerá quando uma decisão errônea for tomada.
Comunicação em dia
Fundamental é a comunicação aberta entre pais e filhos. A confiança gerada por essa prática protege os filhos de realizar ações destruidoras. Ele sabe que os pais saberão que ele estará mentindo tentando esconder o que fez, ou pensarão no que contarão a respeito da festa em que foram. Mais do que questionários, pais devem ter um diálogo aberto com seus filhos, não como seus amigos da mesma idade, mas como pais mesmo, como pessoas mais velhas com mais experiência de vida e que podem auxiliar em seu crescimento.
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Amizades são necessárias
Esconder o filho do mundo, criá-lo em uma bolha, não permitir nenhuma saída ou nenhuma amizade duvidosa não protege nenhum adolescente. Aliás, pode causar efeito contrário e rebeldia. Eles precisam aprender por si próprios, conhecer o bem e o mal para decidir quem serão na vida adulta. Pequenos deslizes poderão ocorrer, ou até mesmo grandes escorregadas. O retorno à autoestima e segurança dependerão muito dos pais pois é nessa hora que os amigos abandonarão o adolescente à sua própria sorte. Desta maneira ele reconhecerá em quem realmente pode confiar e quem está sinceramente preocupado com ele.
A pressão dos colegas não será grande influência para o adolescente capaz de saber o que quer para si mesmo. Seus colegas o respeitarão e não insistirão nas coisas que já sabem que ele não quer fazer. Haverá respeito e até aprendizado por parte dos amigos. A família, base da sociedade, tem parte fundamental nessa trajetória.
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