Esta mãe se expõe corajosamente para alertar sobre uma doença seríssima que afeta 20% das grávidas – a depressão gestacional

‘Era como se houvesse uma nuvem negra sobre mim.’

Erika Strassburger

Muitas mulheres poderiam descrever o período da gravidez como sublime, cheio de alegria e descobertas. Mas, infelizmente, 20% das gestantes precisam enfrentar uma realidade totalmente diferente. Cedo ou tarde se deparam com a terrível depressão gestacional.

Enfrentando os estigmas

Ainda há um enorme estigma relacionado à depressão, em especial às depressões gestacional e pós-parto – aliás, geralmente é preciso “pisar em ovos” ao falar sobre qualquer doença mental.

É muito difícil para muitos aceitarem que uma mulher que leva um filho no ventre, ou que acabou de ter um filho, pode estar “tão negativa, tão para baixo”, quando tem mil e um motivos para se alegrar. Preferem chamar de “frescura” uma condição mental que precisa de atenção urgente.

Pensando em ajudar a derrubar este estigma, Sophia Majid, mãe de 4 filhos e maquiadora de celebridades nos Estados Unidos, encheu-se de coragem para compartilhar sua dura experiência ao enfrentar, no ano passado, uma depressão gestacional.

Ela conta em uma publicação no Instagram, que suas três primeiras gestações foram “perfeitas”, e isso foi um motivo a mais para ela e o marido desejarem um quarto filho.

De uma hora para outra

“As coisas estavam indo bem, então, como um raio que surge do nada, e sem nenhuma razão, comecei a me sentir não muito bem”, disse Sophia.

Em entrevista ao Mirror, ela conta que teve uma infecção e precisou ficar internada por 5 dias. “A partir daí, comecei a perceber uma mudança rápida no meu humor”.

“Fiquei ansiosa e isso me fez passar a ficar em pânico. O pânico era tão forte que decidi voltar ao hospital para contar [aos médicos]. Eu estava chorando por não conseguir dormir. (…) Senti que acabaria fazendo alguma coisa grave se eu não conseguisse dormir. Eles aceitaram que eu fosse internada e me deram uma sedação segura para que eu conseguisse dormir.”

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Até então, Sophia não tinha ideia do que estava acontecendo com ela. Ela sentia-se no limite, mas pensou que era apenas pela falta de sono. “Meu companheiro também não entendeu, e achou que, se eu dormisse, me sentiria muito melhor. Mas não era tão simples assim”.

“Era como se houvesse uma nuvem negra sobre mim”

Depois de alguns dias de internação, Sophia decidiu que era hora de voltar para casa para os seus 3 filhos. “[Os médicos] me deram comprimidos para dormir, e só”.

Sophia ficava extremamente estressada e muito depressiva por qualquer motivo. “Era como se houvesse uma nuvem negra sobre mim. Eu me sentia ansiosa e cansada, não conseguiria relaxar ou me concentrar. Eu queria apenas que esse sentimento fosse embora, e isso não acontecia”.

Tomar antidepressivos ou não?

Sophia contou a alguns amigos o que estava acontecendo, e eles suspeitaram que fosse depressão gestacional. Ela consultou um especialista, que imediatamente lhe receitou antidepressivos.

Sophia recusou os medicamentos por medo de ficar viciada e dos efeitos colaterais sobre o bebê. Eles, então, colocaram-na em uma lista de espera para aconselhamento. Por estar grávida, ela tinha prioridade sobre outros da lista. Ainda assim, a demora foi grande e ela não podia mais esperar. Buscou atendimento privado.

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“O problema era que eu me sentia totalmente desamparada e [os aconselhamentos] pareciam não ajudar. Mas, depois de experimentar a hipnoterapia, finalmente isso ajudou a aliviar as coisas”.

Risco de depressão pós-parto

Sophia foi informada de que havia um risco alto de ela ter também depressão pós-parto. E foi o que aconteceu. Seu medo maior era o de não criar um vínculo com o bebê. “Então, foi um período de grande ansiedade”.

A professora de psiquiatria e pesquisadora da Universidade Northwestern, Sheehan Fisher, disse ao Washington Post, que estudos sugerem que as mulheres que desenvolvem depressão antes ou durante a gravidez sofrem de uma versão mais grave da doença no período pós-parto. “Essas mulheres muitas vezes estão fazendo malabarismos com uma grande variedade de agentes estressantes da vida, como complicações na gravidez, estresse familiar e financeiro. Em muitos casos, elas enfrentam depressão ou ansiedade antes de engravidar”, diz a pesquisadora. Por conta disso, elas experimentam sentimentos de tristeza mais intensos, além de problemas com o sono e, em raros casos, paranoia.

Não subestime essa doença!

“Tendo passado por isso e chegado ao outro extremo, percebi que nunca se pode subestimar o mal que a depressão gestacional causa na mulher. Se você está se sentindo para baixo, você não consegue evitar, e sente que não pode fazer muito a respeito disso. Se você não consegue sair da cama, não é tarefa simples se recompor”, disse Sophia no Instagram.

“Como podemos ajudar alguém que sofre de depressão pré-natal? Falando sobre isso.”

Ela acredita que muitas grávidas estão enfrentando uma depressão gestacional e apenas tentam “varrer para baixo do tapete” essa realidade. Isso porque elas não têm noção da gravidade do problema.

“Odeio o fato de que ainda há um estigma associado à saúde mental. As pessoas não percebem como isso é comum e normal. Em algum momento da vida, todos estão suscetíveis a sofrer, de alguma forma, de problemas de saúde mental. É importante entender que sempre há luz no fim do túnel. Você conseguirá sobrepujar isso”.

Para informações importantes sobre depressão gestacional e pós-parto

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.