Como tratar déficit de atenção sem hiperatividade
Seu filho é desatento? Perde o material escolar? Não sabe se tem tarefas para casa ou quando é dia de prova? Ele pode ter déficit de atenção. Saiba o que fazer.
Stael Ferreira Pedrosa
Muitos pais são chamados à escola porque seus filhos estão tendo problemas de aprendizado ou disciplina. A maioria dos casos é devido à inquietação, por não obedecer ou por ser desrespeitoso com o corpo docente.
No entanto, existem alguns alunos que, embora inquietos, sejam gentis com professores e colegas, não vão bem na escola, pois parecem estar sempre no mundo da lua. Alguns chegam mesmo a se levantar e sair da sala de aula sem dizer nada.
Há que se excluir problemas de visão e/ou audição, problemas emocionais (problemas graves na família, crises familiares), antes de se diagnosticar como déficit de atenção. Se seu filho enxerga e ouve bem, se não há problemas de saúde ou crises familiares, o problema pode ser esse transtorno.
O que é o Transtorno de Déficit de Atenção?
É um transtorno (ou distúrbio) neurobiológico, de causas aparentemente genéticas, que causa um déficit em prestar atenção ou concentrar-se por muito tempo. É uma condição física que apresenta subdesenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro. Há que se buscar conhecimento e ajuda para o portador do transtorno.
Segundo a psicóloga Silvia de Mello Pinto, é necessário preencher três requisitos para se desconfiar de Transtorno de Déficit de Atenção. São eles:
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Desatenção muito acentuada
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Persiste por mais de 6 meses
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A desatenção se manifesta também em outros ambientes frequentados pela criança
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O portador do Transtorno de Déficit de Atenção
Há uma linha tênue que separa o diagnóstico de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) por isso o diagnóstico costuma ser o mesmo, porém a pessoa portadora de DDA pode não apresentar hiperatividade.
Educar ou viver com alguém com Déficit de Atenção é um desafio, pois, não há nada que o próprio paciente possa fazer para superar. Não adianta insistir para que ele tenha mais atenção ou se esforce mais. Ele simplesmente não é capaz, assim como não adianta pedir a uma pessoa de muletas que corra mais rápido. Também não é um problema psicológico que se possa resolver com visitas a um psicólogo, embora no tratamento se faça necessária a intervenção deste profissional.
E a notícia realmente ruim para os portadores e família é que é muito comum que o déficit de atenção tenha também outro tipo de desordem neurológica como:
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Bipolaridade
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Depressão
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Ansiedade
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Dependência de Álcool ou Drogas
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Dificuldades de Aprendizagem
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Síndrome de Tourette
Uma das dificuldades para a família perceber o déficit de atenção e buscar ajuda é que geralmente a criança é muito ativa, saudável fisicamente e com uma inteligência acima da média na maioria das vezes. Mas existem indicadores que podem ajudar pais e professores a desconfiarem do déficit. Além dos já citados, desatenção por tempo prolongado e em locais diferentes, a criança pode apresentar:
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Curiosidade exagerada
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Nas provas erram em sinais ou pontuação
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Esquecem material escolar ou o que estudaram na véspera da prova
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Esquecem o que foi pedido para que façam (por exemplo, ao fazer compras sempre esquecem algum item)
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Perdem coisas como celulares, guarda-chuvas, dinheiro, etc.
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Embora inteligentes seu desempenho escolar é abaixo da média
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Como tratar?
Embora cerca de 40% dos pacientes com déficit de atenção tendam a melhorar com a idade, ainda 60% continuam a apresentar o déficit na fase adulta, o que acarreta sérios problemas de ajuste e dificuldades em manter relacionamentos e emprego. Mas, para todas as idades o tratamento deve ser multifocal.
Só um neurologista pode diagnosticar e verificar a necessidade de prescrever medicamentos (o mais comum é a Ritalina) para os afetados por esse transtorno, mas esses podem trazer efeitos colaterais como dificuldades para dormir, taquicardia e aumento da pressão arterial. O neurologista também investiga se há coexistência, ou seja, um outro distúrbio ou problema associado.
É feito também um acompanhamento psicológico para que o paciente em conjunto com neurologista e psicólogo possa criar estratégias para lidar com o problema, bem como relatar dificuldades e impacto do tratamento no cotidiano.
Embora ainda não haja dados suficientes, há indícios de que a alimentação saudável, livre de aditivos químicos, corantes, adoçantes (aspartame), seja benéfica ao paciente. A pesquisadora holandesa, Lidy Pelsser, concluiu após pesquisa com 100 crianças portadoras de TDAH que, para 64% das crianças diagnosticadas com TDAH, os sintomas podem ser fruto de uma hipersensibilidade a certas substâncias. Assim, uma dieta restritiva pode funcionar como tratamento.
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